Estudo questiona os riscos associados ao consumo de carne vermelha

Pesquisadores internacionais analisaram mais de cem estudos sobre os efeitos do consumo de carne vermelha para a saúde e não encontraram riscos significativos para a saúde.

As pesquisas no campo de saúde e nutrição buscam conhecer os efeitos dos alimentos para a saúde, mas este caminho nem sempre é linear e conta com acordo comum. Muitas vezes, buscam consenso sobre alguns alimentos, e o que se necessitam são mais pesquisas para poder confirmar os dados.

Além disso, as questões metodológicas podem variar segundo as pesquisas, e podem haver divergências nas interpretações dos resultados, especialmente a partir de como se analisa e interpreta os resultados de um estudo.

Um exemplo é a polêmica mais atual sobre o consumo de carne vermelha e processada. Por todos os lados, a recomendação para o cuidado da saúde é diminuir a ingestão de carne, já que poderia aumentar os riscos de doenças como as cardiovasculares e alguns tipos de câncer.

Mas um estudo recente, publicado na revista  Annals of Internal Medicine, feito por 14 autores, destaca que não encontraram dados que comprovem que há benefícios específicos de reduzir o consumo de carne para a saúde.

Entre os 14 autores, 11 recomendaram manter os hábitos de consumo de carne e 3 sugerem reduzir levemente este alimento da dieta. “A certeza para demonstrar estas reduções de risco foi entre baixa e muito baixa”, disse o epidemiologista Bradley Johnston, um dos autores do estudo.

Os autores formam parte de um Consórcio de recomendações nutricionais (NutriRECs), formado por especialistas canadenses, espanhóis e poloneses. Os pesquisadores realizaram quatro revisões de estudos anteriores com meta-análise formada por 105 estudos.

Outro estudo, também meta-análise de 118 estudos, concluiu que o impacto do consumo de carne é muito pequeno e a relação com a mortalidade era muito pequena.

O objetivo do consorcio é facilitar para quem têm uma dieta preferencial de carne vermelha e processada.

A reação ao estudo

Após a publicação do estudo, diversos especialistas e instituições nacionais e internacionais como o Comitê de Médicos para uma Medicina Responsável dos Estados Unidos e o Colégio Americano de Cardiologia publicaram notas considerando o estudo como irresponsável.

Pesquisadores da Universidade de Harvard afirmaram, num comunicado, que o estudo “prejudica a credibilidade da ciência da nutrição e destrói a confiança pública na pesquisa científica”.

As recomendações de diversas agências internacionais é diminuir o consumo de carnes vermelhas e processadas, moderando esta ingestão para 2 ou 3 porções de carne vermelha durante a semana, e limitando as carnes industrializadas.

Fontes:

Las carnes rojas y procesadas son menos dañinas de lo que creía, según un estudio

Un estudio indulta a las carnes rojas y procesadas

Posicionamiento del CIBERESP respecto a los meta-análisis realizados sobre consumo de carne roja y carne procesada

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