Elevado índice de resíduos agrotóxicos permitidos nos alimentos no Brasil deixa perplexos alemães, durante apresentação dos resultados de uma pesquisa realizada por geógrafa brasileira
A geógrafa brasileira Larissa Mies Bombardi, da Universidade de São Paulo, apresentou em maio, em Berlim (Alemanha),.um estudo desenvolvido no Brasil sobre o envenenamento dos alimentos no país.
A obra foi publicada no Brasil, e agora ela lança a publicação na Europa. A geógrafa afirma que escolheu Berlim para o lançamento porque esta cidade abriga diversas indústrias agroquímicas responsáveis por cerca de 34% do mercado mundial de agrotóxico.
“Queríamos promover uma discussão sobre a contradição de sediarem indústrias que controlam toda a cadeia alimentar agrícola e serem rigorosos quanto ao uso de mais de um terço dos pesticidas que são permitidos no Brasil”, afirmou.
A publicação original em português, titulada Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e conexões com a União Europeia, foi lançada no Brasil em 2017 e traz mapas, gráficos e infográficos que indicam a realidade do uso de agrotóxicos no Brasil e seus impactos diretos.
O Brasil é o atual campeão mundial de aplicação de pesticidas na agricultura. Os dados da elaboração do ranking internacional têm como fonte a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) e são reunidos pela consultoria de mercado Phillips McDougall.
Por exemplo o cultivo do feijão, que é um dos alimentos principais da dieta brasileira, pode receber um nível de malationa (inseticida) 400 vezes superior do que os níveis permitidos na União Europeia.
A autora do estudo lembra ainda que, além de liderar este ranking de envenenamento, o país poderá superar ainda mais estes níveis. Os parlamentares brasileiros estão flexibilizando as atuais regras para aumentar o registro, a comercialização e a utilização de agrotóxicos.
Desde janeiro de 2019, com o novo governo, já se autorizaram mais de 200 agrotóxicos. As medidas começam a preocupar os países que importam alimentos do Brasil, como a Rússia, que bloqueou um carregamento de soja, em fevereiro, porque o alimento continha resíduos de glifosato superiores ao limite autorizado no país.
A FUNIBER patrocina a formação e a pesquisa, através de programas de mestrado e doutorado na área de Saúde e Nutrição.
Fontes:
Lançado na Europa mapa do envenenamento de alimentos no Brasil
Ao liberar agrotóxicos, Brasil vai na contramão da tendência mundial, diz Le Monde
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