Professora da Harvard chama o alimento de “veneno”, e lamenta a moda do consumo do óleo de coco, já que faltam estudos que comprovem os efeitos da ingestão diária deste alimento para a saúde. Experimento desenvolvido por uma série de televisão britânica mostra efeitos benéficos do produto para o coração
O óleo de coco está na moda, incentivado por celebridades que o usam, seja na cosmética ou na culinária. Algumas modelos como Angelina Jolie e Miradan Kerr são exemplos que afirmam usar o óleo diariamente. Mas no âmbito científico, há poucas certezas sobre os efeitos desta nova moda para a saúde.
A epidemiologista Karin Michels, da Harvard T. H. Chan School of Public Health, afirmou recentemente durante conferência que o óleo de coco é “um dos piores alimentos que se pode usar”. Ela afirmou que faltam estudos com humanos que demonstre efeitos positivos, e lamentou o fato do comércio aproveitar-se desta falta de conhecimento para conseguir benefícios lucrativos.
“É mais perigoso que a manteiga, já que contém um 92% de ácidos graxos saturados e quase não tem ácidos graxos essenciais”, disse. Ela afirma que o consumo de óleo de coco pode colaborar para bloquear as artérias e aumentar o risco de sofrer infarto. Em grande parte, o argumento de Michels está fundamentado no estudo da American Heart Association, que recomenda substituir as gorduras saturadas por gorduras mono e poli-insaturada, presentes em alimentos como nozes, peixes e abacate.
Série da BBC cria experimento que aponta benefícios do consumo do óleo de coco
Por outro lado, a série produzida pela BBC “Trust Me, I’m a Doctor” (Acredite-me, sou doutor) organizou um teste com a ajuda de duas professoras da Universidade de Cambridge, Kay-Tee Khaw e Nita Forouhi. Para o teste, foram selecionados 94 voluntários que tinham entre 50 e 75 anos e nenhum histórico de diabetes ou doenças cardíacas.
Para o experimento, foram criados três grupos distintos, de maneira aleatória, para consumir diariamente diferentes tipos de gordura, e conhecer os efeitos para os níveis de colesterol. O experimento foi realizado ao longo de quatro semanas, e cada dia deveriam seguir o consumo indicado para cada grupo.
No primeiro grupo, os participantes deveriam consumir 50 gramas de óleo de coco extra-virgem, aproximadamente três colheres de sopa. No segundo grupo, teriam que consumir a mesma quantidade de azeite extra-virgem. O terceiro grupo deveria consumir 50 gramas de manteiga sem sal por dia, o equivalente a três colheres de sopa.
Foram realizados exames de sangue, com enfoque especialmente sobre os níveis de colesterol ruim (LDL) e colesterol bom (HDL), além de informar aos participantes sobre possível ganho de peso neste período.
De maneira surpreendente, o consumo de óleo de coco não apresentou nenhum aumento nos níveis de LDL, como era esperado, e tiveram um grande aumento no HDL, que apresentou níveis 15% maiores do que antes. A professora Khaw mostrou surpresa com os resultados, e sugere que “talvez seja porque a principal gordura saturada de óleo de coco é o ácido láurico, e o ácido láurico pode ter diferentes impactos biológicos sobre os lipídios sanguíneos para outros ácidos graxos”, afirmou.
Ela destaca, porém, que o estudo é pequeno e de muito curto prazo, e não deve ser usado como referência para a mudança das dietas da população. Ao contrário do que acontece com o azeite de oliva, que já passou por diversos estudos, o óleo de coco ainda é pouco estudado e necessita mais pesquisas para avaliar se o consumo diário pode ser benéfico ou prejudicial à saúde.
A FUNIBER patrocina estudos no campo da Nutrição e da Saúde, como possibilidade de formar e capacitar profissionais neste setor.
Fontes:
Una profesora de Harvard enciende el debate sobre el aceite de coco al calificarlo de “veneno puro”
Óleo de coco é realmente saudável? Nosso médico responde
Coconut oil is packed with saturated fat — but it may be good for you
Conferencia Dr. Karin Michels:
Kokosöl und andere Ernährungsirrtümer – Prof. Michels | Uniklinik Freiburg
Estudo série BBC en BMJ Journals:
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