Durante anos, pensou-se que uma boa corrida deveria seguir uma cadência específica. Mas estudo recente indica que este valor pode variar entre os corredores de elite
Num treino comum de corrida, a cadência é levada muito em sério na hora de medir o rendimento. Muitos consideram que ela é responsável por uma boa performance e para a prevenção de lesões.
A cadência é a quantidade de passos por minuto, ou seja, uma medida que calcula quantas vezes o corredor pisa no chão durante este período. Neste caso, uma das questões que se costumava pensar sobre a cadência ideal é que quantos mais passos damos, melhor o rendimento.
Entre as vantagens de manter uma alta cadência durante a corrida, acredita-se que o movimento corporal fica mais harmônico, com uma pisada mais próxima ao tronco e com melhor absorção de impacto.
Em 1980, o treinador de corridas Jack Daniels notou que a cadência dos corredores nas Olimpíadas de 1984 eram em média 180 passos por minuto. Mas Geoff Burns, um maratonista de elite e estudante de doutorado da Universidade de Michigan quis conhecer com mais precisão a influência da cadência para o rendimento.
Ele registrou a cadência dos 20 melhores corredores de elite, homens e mulheres, durante uma competição ocorrida em 2016. “”Alguns corriam 160 passos por minuto e outros corriam a 210 passos por minuto, e não estava relacionado a quão bons eles eram ou quão rápidos foram”, disse Burns.
A conclusão que ele toma é que a cadência pode servir de barômetro, mas como não um imperante sobre a corrida, nem como uma fórmula dogmática que serve a todos. O estudo também encontrou que os passos longos, que costumam consumir mais energia, tendem a diminuir ao longo da corrida. “A cadência naturalmente aumenta de quatro para cinco passos por minuto por milha quando os corredores vão rapidamente”, explica.
Um dado que chamou a atenção de Burns, e ele diz que merece mais estudos, é a relação da cadência com a fadiga. Ele viu que mesmo no esgotamento físico do final da corrida, o corpo tende a manter a mesma cadência. Ele acredita que o corpo encontra um funcionamento ideal que se mantém ao longo da corrida, mesmo estando próximo à linha final, quando as pernas bambeiam.
A pesquisa na área de Esportes, através do Doutorado em Atividade Física e Esporte, patrocinado pela FUNIBER, favorece ao desenvolvimento de mais conhecimentos sobre as melhores práticas de treinamento e rendimento esportivo.
Fonte: Step it up: Does running cadence matter? Not as much as previously thought
Estudo: Step frequency patterns of elite ultramarathon runners during a 100-km road race
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