Inteligência artificial no jornalismo: uma ferramenta produtiva ou um impedimento para a cobertura ética?

O uso da inteligência artificial em vários setores está aumentando rapidamente, levantando questões sobre ética, implementação responsável e seu impacto sobre os direitos humanos. Um estudo recente intitulado ‘Como jornalistas se sentem em relação à IA?‘ aborda os efeitos emocionais da Inteligência Artificial (IA) no setor jornalístico, no qual os valores de veracidade, transparência e confiança são centrais.

Esta pesquisa oferece uma perspectiva humanista sobre a IA, destacando os sentimentos dos jornalistas e suas próprias experiências com a IA em seu trabalho.

“Sinceramente, não sou uma pessoa muito tecnológica”, afirma a pesquisadora Carolina Escudero, doutora e pós-doutora em psicologia social, professora associada da Universidad Autónoma de Barcelona (Universidade Autônoma de Barcelona) e colaboradora em pesquisas científicas com professores da Universidad Europea del Atlántico (Universidade Europeia do Atlântico, UNEATLANTICO), instituição pertencente à rede universitária FUNIBER: “Não é que eu tenha a capacidade de sequer conceber ou planejar um aplicativo e essas coisas, mas fui motivada por uma preocupação que é a desumanização de muitos trabalhos, e o principal deles é o jornalismo”.

Esta pesquisa combina metodologias de focus groups, entrevistas e enquetes com jornalistas em sete países muito diversos para examinar os sentimentos provocados pela irrupção da IA. Baseia-se no conceito de gestão emocional no trabalho e em como os jornalistas se sentem em relação às mudanças em seu ambiente de trabalho.

Escudero acrescenta: “Muitas pessoas, em muitos países, têm a tendência de aceitar uma situação opressiva para manter um emprego por causa de sua idade ou por causa da economia do país”.

Conclusões do estudo

A pesquisa constatou que, nos países cujos jornalistas recebem mais formação sobre IA, predomina um sentimento de tranquilidade. Por outro lado, em países nos quais há um número menor de jornalistas formados nessa área, a rejeição se destaca. Em geral, esse estudo mostra que há uma tendência de se sentir mais seguro com mais conhecimento, enquanto a ignorância causa mais temor.

Escudero ressalta que a pesquisa não conclui claramente que a formação melhora os sentimentos em relação à IA, mas sim que tipo de educação tem maior impacto na segurança dos trabalhadores. “Não podemos dividi-lo em bom ou ruim, não pode ser uma visão binária”, diz ela: “O que o estudo também promove com esses resultados é buscar um diálogo entre os que recebem formação e os que não, e mudar a forma como a IA é apresentada na mídia”.

Pesquisa futura sobre inteligência artificial

Usando a teoria da educação libertadora do pedagogo brasileiro Paulo Freire, Escudero argumenta que o diálogo é necessário para incorporar a IA ao jornalismo. Este estudo é apenas o início de um diálogo mais longo: no próximo mês de outubro, a pesquisadora lançará um novo livro com mais entrevistas com editores para explorar ainda mais o tópico de gestão emocional e seu importante papel em relação à IA.

Escudero argumenta que o diálogo é necessário para incorporar a IA ao jornalismo.
Escudero argumenta que o diálogo é necessário para incorporar a IA ao jornalismo.

Há muito mais a ser investigado sobre a relação entre IA e jornalismo, mas este estudo inicia o diálogo sobre humanização, uso responsável e como a educação pode libertar os trabalhadores do medo ou da rejeição das mudanças tecnológicas em seu campo.

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