A alimentação desempenha um papel crucial na saúde dos adultos mais velhos, especialmente nos que enfrentam multimorbilidade, ou seja, a coexistência de múltiplas doenças crónicas. Um estudo recente publicado no Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle explorou a forma como o consumo de proteínas vegetais e animais afecta a progressão para a fragilidade e a mortalidade nesta população. Esta análise fornece uma visão aprofundada da forma como as fontes de proteína podem influenciar a qualidade de vida e a longevidade dos adultos mais velhos.
A relação entre proteínas e saúde nos idosos
O estudo, intitulado «Plant and Animal Protein Intake and Transitions From Multimorbidity to Frailty and Mortality in Older Adults», incluiu 1868 participantes com mais de 60 anos de Espanha, todos com multimorbilidade. Durante um acompanhamento de quase 13 anos, os investigadores analisaram o impacto do consumo de proteínas em três transições fundamentais: da multimorbilidade para a fragilidade, da multimorbilidade para a mortalidade e da fragilidade para a mortalidade.
Os resultados revelaram que um maior consumo de proteínas totais, nomeadamente de peixe, estava associado a um menor risco de desenvolver fragilidade. Por outro lado, as proteínas vegetais mostraram uma associação significativa com a redução do risco de mortalidade em pessoas com multimorbilidade. No entanto, nas pessoas que já tinham desenvolvido fragilidade, a ingestão elevada de proteínas, independentemente da sua origem, foi associada a um aumento do risco de mortalidade.
Benefícios e riscos de acordo com a fonte de proteína
As proteínas animais, em particular o peixe, foram destacadas pela sua capacidade de prevenir a fragilidade. Este facto pode dever-se ao seu perfil de aminoácidos, especialmente a leucina, que desempenha um papel fundamental na síntese muscular. No entanto, o consumo excessivo de proteínas animais pode ser prejudicial em doentes frágeis, possivelmente devido ao seu impacto na função renal e noutros sistemas comprometidos por doenças crónicas.
Por outro lado, as proteínas vegetais demonstraram ser uma opção mais segura e benéfica para a redução da mortalidade nesta população. Este resultado apoia as recomendações actuais que promovem dietas à base de plantas, não só pelos seus benefícios para a saúde, mas também pelo seu menor impacto ambiental.

Implicações práticas e recomendações
Este estudo realça a importância de personalizar as recomendações dietéticas para os idosos, tendo em conta o seu estado de saúde e fase da vida. Para as pessoas com multimorbilidade, uma dieta equilibrada que inclua proteínas de alta qualidade, como as provenientes do peixe e das plantas, pode ser fundamental para prevenir a fragilidade e melhorar a longevidade.
No entanto, nos doentes que já são frágeis, é essencial monitorizar cuidadosamente a ingestão de proteínas e considerar outros factores como a função renal e a qualidade das proteínas consumidas.
Conclusão
A investigação salienta a necessidade de uma abordagem abrangente da nutrição em adultos mais velhos, considerando tanto a quantidade como a qualidade das proteínas. Estes resultados são especialmente relevantes para os profissionais de saúde e de nutrição que procuram promover um envelhecimento saudável e prevenir as complicações associadas à multimorbilidade e à fragilidade.
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