Entrevistamos a professora Laura Martín Rubio, especialista em saúde internacional e desnutrição, que explica a importância dos cuidados com a alimentação e a saúde nos primeiros mil dias de vida.
A professora Laura Martín Rubio coordenou um centro de acolhimento e atendimento integral de mulheres no bairro de Ankalika, na cidade de Toliara (Madagascar), entre 2018 e 2019. Essa experiência no centro lhe ajudou a consolidar os conhecimentos mais práticos sobre a importância de melhorar o estado nutricional e de saúde geral das mães e dos filhos.
“Considero que foi dada uma contribuição muito positiva à proteção durante os primeiros mil dias da vida, uma vez que o apoio contínuo aos alimentos foi garantido”, diz Laura Martín Rubio. Ela faz parte do corpo docente do novo programa que a FUNIBER está começando a promover, o Mestrado em Nutrição Materno-Infantil, oferecido pela Universidade Europeia do Atlântico.
A professora destaca a importância fundamental de uma nutrição adequada durante os primeiros 1.000 dias de vida para garantir capacidades intelectuais, integração no desenvolvimento socioeconômico e proteção da saúde dos adultos.
A partir de vários estudos, sabe-se que esse período inicial, desde o momento da gravidez até o segundo aniversário da criança, é crucial para a saúde, desenvolvimento do cérebro, educação e melhor condição econômica.
Que cuidados são necessários durante os primeiros 1000 dias para que os efeitos sejam positivos para o crescimento e desenvolvimento de um indivíduo?
A realização de uma alimentação adequada, que respeite as necessidades nutricionais específicas durante a gravidez e da criança durante seu crescimento, sendo essencial para o bom desenvolvimento, tanto fisicamente e mentalmente. O afeto, igualmente, também é muito importante, assim como a estimulação e o correto desenvolvimento psicomotriz.
Existem alguns tipos de doenças associadas à nutrição neste período?
Tem sido observado em vários estudos como a nutrição inadequada neste estágio de vida gera uma maior vulnerabilidade a doenças durante a infância e susceptibilidade aumentada para diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares na idade adulta. Além disso, os hábitos alimentares aprendidos na infância podem tornar-se cotidianos e perpetuados de geração em geração.
Como um profissional de prevenção e saúde pública deve agir para uma nutrição materna e infantil mais adequada durante esses primeiros mil dias?
Em primeiro lugar, transmitir a importância da prevenção durante esse período e expor a magnitude das consequências, geralmente irreversíveis, para o futuro. Algumas ações para obter nutrição materna e infantil adequada podem ser:
– Fomento à amamentação.
– Promover à alimentação adequada (antes, durante e depois à gravidez).
– Garantir uma apropriada alimentação complementar para os filhos/as.
– Facilitar o acesso ao sistema de saúde, para acompanhamento pré-natal, gestacional e, posteriormente, pediátrico.
– Enfatizar a educação nutricional, saúde e higiene.
Existem iniciativas de instituições internacionais – como a Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo – que procuram para proteger e garantir os recursos necessários para esse período sociedades mais vulneráveis? Você considera que eles são eficazes, eficientes e funcionam?
Um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da agenda 2030 das Nações Unidas se concentra na saúde e no bem-estar, com ênfase especial sobre materna e saúde infantil. Nos últimos anos, houve progresso no sentido de respeitar, no entanto, os dados sobre mortalidade, materna e infantil, permanecem alarmantes e inaceitáveis. Portanto, a resposta é sim, existem iniciativas, no entanto, é preciso esforços maiores de todos, para que os resultados nesta luta sejam os esperados.
Que tipo de treinamento é oferecido com o Mestrado em Nutrição Materna e Infantil?
O novo Mestrado em Nutrição Materno-Infantil, através de uma abordagem inovadora e de um treinamento abrangente, investiga aspectos relevantes como a fertilidade dos pais e aborda as diferentes dimensões fisiológicas do grupo mãe-filho, em saúde, doença ou incapacidade, fornecendo respostas nutricionais adequadas aos diferentes problemas que possam surgir.