Estudo aponta que a maioria das espécies silvestres de café está em perigo de extinção. Pesquisadora alerta para necessidade de estratégia de conservação global
A maioria das espécies silvestres está em perigo de extinção, e poderia desaparecer nas próximas décadas, segundo um estudo publicado pelo Real Jardim Botânico de Kew, no Reino Unido.
De acordo com o estudo, publicado na revista Science Advances, das 124 espécies existentes, 75 estão consideradas ameaçadas. O valor representa a 60% da variedade de café.
Entre todas as espécies, há 14 que não puderam ser analisadas por estar em territórios em conflito armado, o que impossibilita o estudo.
Do total, 13 estão em perigo crítico de extinção e apenas 35 espécies poderiam ser consideradas não ameaçadas de desaparecer. Os critérios usados para definir o estado de risco da espécie se baseia nos critérios estabelecidos pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Grande parte das espécies ameaçadas estão localizadas em Madagascar, seguido da Tanzânia e Cameron.
De acordo com Aaron Davis, principal autor do estudo, há espécies com potencial “para ser usadas no cultivo e desenvolvimento dos cafés do futuro”, disse. Há 82 espécies que agora não têm interesse comercial, mas com melhoras da engenharia genética, estas poderiam ser aproveitadas no mercado alimentício.
Além do valor comercial das espécies de café, o autor ressalta o valor nutricional que pode ajudar a combater doenças, ou como valor de preservação ambiental já que também é importante para conservar o ecossistema e as condições climáticas. Por tanto, cuidar da diversidade do café é desenvolver com sustentabilidade.
Ações humanas alteram os cafezais silvestres
Apesar de haver também uma causa natural, relacionada à própria natureza do café que se adapta de maneira estrita às condições locais, as principais causas da ameaça às espécies de café são associadas às ações humanas.
As alterações no hábitat, o avance da agricultura e os efeitos da mudança climática têm impacto sobre as plantas de café silvestres que tendem a não superar tanas mudanças ambientais.
Como comenta Nora Castañeda, pesquisadora do Global Crop Diversity Trust, para o jornal El País, as condições atuais dos cafés mostram como a vida silvestre está vulnerável de maneira geral. Para ela não é surpreendente o perigo de extinção de espécies de café já que esta planta não tem ações concretas para a conservação.
Os profissionais interessados em conservação e no desenvolvimento de estratégias sustentáveis podem ampliar o conhecimento com o estudo do Mestrado em Engenharia e Tecnologia Ambiental, patrocinado pela FUNIBER.
Fonte: Estamos ficando sem café
Estudo: High extinction risk for wild coffee species and implications for coffee sector sustainability
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