A partir do próximo dia 15 de maio, a FUNIBER começa a patrocinar o Mestrado em Reprodução Humana Assistida. Conversamos com o Diretor Acadêmico do novo mestrado, Dr. José Manuel Navarro, para conhecer mais sobre este campo em crescimento
“A demanda de médicos em geral crescerá em torno de 30% entre 2020 e 2030, mais rápido que a média para todas as ocupações. Os obstetras e ginecologistas gerais, assim como os endocrinologistas reprodutivos terão uma forte demanda durante este período”, afirma o Dr. José Manuel Navarro, Doutor em Medicina pela Universidade de Sevilha (Espanha), Graduado em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina de Sevilha e Médico Especialista em Obstetrícia, Ginecologia e Cirurgia Ginecológica endoscópica.
De acordo com o Dr. José Manuel Navarro, cresce de forma exponencial o número de mulheres inférteis que vão às consultas de reprodução. A capacitação de profissionais poderá permitir respostas mais bem-sucedidas aos casais que procuram solução para a infertilidade.
Para ampliar as possibilidades de formação, a FUNIBER junta-se ao Instituto para o Estudo da Biologia da Reprodução Humana (INEBIR) e à Universidad Europea del Atlántico (UNEATLANTICO), que forma parte da Rede Universitária em que colabora, para oferecer um programa de formação integral. O Mestrado em Reprodução Humana Assistida tem uma proposta acadêmica que engloba tanto os aspectos clínicos da medicina reprodutiva como a perspectiva empresarial de gestão de centros de reprodução assistida.
Entrevista Dr. José Manuel Navarro
Em todo o mundo, cresce o número de casais com problemas de fertilidade que podem ser beneficiados com os tratamentos de reprodução assistida. De quais números estamos falando?
As taxas de infertilidade permaneceram estáveis nas últimas três décadas; entretanto, nos últimos trinta anos foi gerado um aumento exponencial do número de mulheres inférteis que vão às consultas dos especialistas de reprodução.
As causas são diversas, mas principalmente as recentes mudanças sociais e econômicas provocaram que grande parte das mulheres busquem uma gestação quando são menos férteis biologicamente. Em termos mundiais, em 2010, 1,9% das mulheres entre 20 e 44 anos que queriam ter filhos não conseguiram ter o seu primeiro filho nascido vivo e 10,5% das mulheres com nascimento do primeiro filho com vida não conseguiram ter outro filho nascido vivo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos países desenvolvidos, a infertilidade feminina foi observada em 37% dos casais inférteis, a infertilidade masculina em 8% e misto em 35% e 5% dos casais tinham infertilidade de origem desconhecida. Algumas causas da infertilidade são facilmente identificáveis; entretanto, a situação é menos clara na maioria dos casais, já que muitas vezes combinam vários fatores.
A medicina reprodutiva amadureceu de forma significativa e conta com inúmeras ferramentas para dar resposta em função do problema. Qual a porcentagem de casais inférteis para alcance do seu sonho graças à reprodução assistida? Existem muitos tratamentos para as diferentes problemáticas?
O consenso geral é que a avaliação da infertilidade deve ser realizada para os casais que não conseguiram conceber depois de 12 meses de relações sexuais frequentes desprotegida; entretanto, o início de um estudo de fertilidade pode ser realizado antes, com base na história clínica e na exploração física e nas mulheres maiores de 35 anos de idade.
O momento da avaliação inicial da infertilidade depende da idade da mulher, assim como dos fatores de risco do casal. As mulheres experimentam uma diminuição da fecundidade depois dos 30 anos.
Iniciamos a avaliação da infertilidade depois de seis meses de relações sexuais frequentes desprotegida nas mulheres entre 35 e 40 anos de idade e com menos de seis meses nas mulheres acima de 40 anos de idade.
A avaliação, também, deve ser iniciada imediatamente se a mulher tiver antecedentes de fatores de risco como a insuficiência ovárica prematura (cirurgia no ovário, a exposição a fármacos citotóxicos ou radioterapia pélvica, doenças autoimunes, tabagismo, histórico familiar de menopausa precoce), endometriose, patologia uterina e alterações das trompas de falópio.
Existem determinados fatores masculinos que, também, precisam de conselhos para iniciar a avaliação de forma precoce. Estes fatores incluem os antecedentes de trauma testicular que tenha necessitado de tratamento, caxumba em adultos, impotência ou disfunções sexuais, quimioterapia e/ou tratamento radioterápico ou histórico de infertilidade com outro par.
Os resultados gestacionais estão claramente relacionados com a competência e o treinamento do médico especialista e dos investimentos tecnológicos nos laboratórios de reprodução humana.
A ciência continua a avançar, quais temas você acredita que possam ser mais interessantes em um futuro próximo?
O futuro da reprodução será multidisciplinar em uma nova abordagem tecnológica, já que não apenas compreenderá disciplinas biomédicas, mas deve incluir disciplinas como a engenharia, a física ou a matemática. O bioengenheiro será uma peça fundamental nas unidades de reprodução humana. Os avanços possuem seis eixos fundamentais:
- Os novos avanços da genética vão nos permitir uma maior compreensão dos fenômenos reprodutivos. Atualmente, 50% das publicações médicas têm uma estratégia genética para o desenvolvimento dos trabalhos, mas esta chegará a ser de 100%. Serão aperfeiçoados os métodos diagnósticos de anomalias embrionárias.
- O surgimento das tecnologias OMICS (epigenômica, genômica, transcritômica, proteômica e metabolômica) permitirá melhorar o conhecimento, proporcionando uma nova informação sobre os processos biológicos reprodutivos, obtendo assim uma visão mais ampla dos sistemas biológicos complexos.
- O desenvolvimento no laboratório de óvulos e de espermatozoides.
- A biologia é “a ciência da complexidade” e para compreender os processos biológicos precisam ser coletados dados, administrá-los e analisá-los. A análise da informação é fundamental na medicina: somente podemos tomar decisões quando a informação é precisa; mas a informação não pode ser coletada e processada com os modelos estatísticos tradicionais, deve ser administrada com modelos de “big data”. Outros métodos de aprendizagem automática com base em aprender representações de dados como é o caso do “deep learning” nos permitirão outra aproximação e a compreensão de processos complexos.
- As tecnologias destinadas para reverter o envelhecimento de celular dos gametas, principalmente dos óvulos.
- A incorporação da “abordagem tecnológica” nos permitirá novas orientações como o desenvolvimento de úteros artificiais.
Obviamente, o sucesso nos resultados está condicionado em grande parte na capacitação dos profissionais no atendimento destes casais. Existem profissionais capacitados suficientes, em qualidade e quantidade, para atender esta demanda em crescimento?
Provavelmente, não, porque se trata de uma subespecialidade com um treinamento muito longo e definido.
A demanda por médicos em geral crescerá em torno de 30% entre 2020 e 2030, mais rápido que a média para todas as ocupações. Os obstetras, ginecologistas gerais e os endocrinologistas reprodutivos terão uma forte demanda durante este período.
Os “baby boomers” já ultrapassaram seus melhores anos de fertilidade, mas as mulheres terão uma necessidade contínua de atenção à medida que crescem. Os filhos e netos dos “baby boomers”, um grande grupo demográfico conhecido como os “millennials”, estão entrando em seus anos de reprodução e isso provocará uma forte demanda de endocrinologistas reprodutivos por muitos anos.
Os filhos dos “baby boomers” estarão em idade fértil durante décadas e vão precisar dos serviços tanto de ginecologistas como de endocrinologistas reprodutivos.
Conheça o programa do novo Mestrado em Reprodução Humana Assistida em http://fnbr.es/4zi
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