Atividade pesqueira sem controle afeta situação dos mares

Especialista em recursos marinhos alerta que a pesca excessiva e a falta de controle podem esgotar os peixes para consumo humano e afetar os ecossistemas

Daniel Pauly é professor do Centro de Pescas da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, e fundador da instituição Sea Around Us, dedicada a pesquisar os efeitos da pesca nos oceanos e os impactos nos ecossistemas marinhos. Pauly também criou o maior banco de dados sobre os peixes: FishBase.

Ele comenta, em entrevista ao jornal El País, que “o que está passando no mar é mais grave do que pensamos. Não há controle nas operações de muitos barcos”, alerta sobre a falta de uma fiscalização adequada da atividade pesqueira. “Os grandes países pesqueiros seguirão operando mais e mais. Comerão os peixes de outros”, afirma.

A demanda por peixe aumentou em todo o mundo, e países que não consumiam este alimento passaram a adotá-los na dieta. Pauly cita por exemplo, o meio oeste dos Estados Unidos, que nos anos mais recentes vem consumindo muito peixe. Também cita a classe média chinesa, que demanda cada vez mais quantidade de peixes. “É legítimo quere comer peixe”, ele diz, mas ressalta que a maneira que estamos pescando não é sustentável, já que “ao ritmo atual, não haverá peixe para todos”.

Em valores, segundo uma pesquisa liderada pelo professor, pescou-se no mundo 30% mais do que foi declarado. Este valor equivale a 32 milhões de toneladas de peixe. “A atividade pesqueira deixa rastros”, é necessário acompanhar os dados de pesca e de consumo para conhecer o volume de exploração dos oceanos.

Além da exploração excessiva, o mar também sofre com efeitos do aquecimento global. “Agora na Grã-Bretanha, encontram-se peixes que viviam no Marrocos. Os peixes se transladam em direção aos polos”. Segundo o especialista, muitos peixes das regiões tropicais estão sendo detectados em outros países.

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“Al ritmo actual, no habrá pescado para todos”

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