Após queimadas na Amazônia, nuvens negras com chuvas escuras caíram na metrópole brasileira. Pesquisas identificaram grande presença de substâncias químicas na água de chuva
As queimadas ocorridas na Amazônia brasileira chegaram à cidade de São Paulo, no dia 19 de agosto, aumentando a concentração de nuvens negras e provocando chuvas escuras. Após a análise da água da chuva, realizada pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), foi identificada a presença de reteno. Esta substância, como afirmam os pesquisadores, é um marcador de queimadas, já que é produzido com a queima de biomassa.
Pesquisadores da Universidade Municipal de São Caetano (USCS) identificaram também a presença de fuligem sete vezes maior do que os níveis comuns numa água de chuva normal.
O professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp),Theotonio Pauliquevis, revelou ao portal G1, que as nuvens de chuva ficam entre 1,5 km e 10 km do solo, e quando cai a chuva, bate nas partículas de poluição presas no ar e “a enxurrada leva essa poluição comum”, afirmou.
“Já a nuvem de fumaça viaja cerca de 3 km a 4 km do solo. Ela bate de frente com a nuvem de chuva”, e acaba originando a chuva preta, mais escura do que a habitual.
Por enquanto, não se sabe ainda os efeitos desta água de chuva para a saúde e para o ambiente, mas pesquisadores alertam para a quantidade de substâncias químicas muito superior à normal , o que poderia afetar a saúde.
Com o vento, a fumaça foi direcionada à zona Sul do Brasil.
Queimadas na Amazônia, difícil recuperação
As queimadas na floresta amazônica podem representar grande impacto para as alterações climáticas. Segundo a especialista brasileira Erika Berenguer, pesquisadora da Universidade de Oxford, “essas árvores são grandes armazéns de carbono. Uma grande árvore na região amazônica pode ter de três a quatro toneladas de carbono armazenado. Se ela for queimada, todo esse carbono vai para a atmosfera, contribuindo para acelerar as mudanças climáticas”, afirmou para a BBC.
Ela afirma que grande parte da floresta desmatada na Amazônia brasileira é usada para a pastagem. “Fazem toda aquela vegetação desaparecer para que possam plantar capim”, afirmou.
Ela destaca que na floresta amazônica, após a morte das árvores incendiadas, as consequências dos fogos poderão ser notadas após décadas.
Para o estudo de estratégias de conservação e preservação ambiental, a FUNIBER patrocina programas universitários na área de Meio Ambiente, como o Mestrado em Mudanças Climáticas.
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