Fungo capaz de alterar o comportamento das formigas-de-cupim vem se adaptando às mudanças climáticas nos últimos 20 a 40 milhões de anos, indica estudo nos Estados Unidos
A metade das espécies de formigas-de-cupim (Camponotus) pode ser afetada por um fungo cruel, capaz de dominar os movimentos e provocar a morte do hospedeiro. É o chamado “fungo zumbi” (Ophiocordyceps kimflemingiae). O parasita invade o exoesqueleto da formiga e se propaga por todo o corpo, obrigando a que ela suba por galhos de árvores e se agarre às folhas. O parasita vai crescendo, destruindo a formiga por dentro, até chegar à cabeça, onde atravessa e se libera, soltando esporas que infetarão novas formigas.
Um estudo recente, divulgado na revista Evolution, relata que este fungo foi capaz de se adaptar às mudanças climáticas pois algumas destas formigas mudaram de comportamento, deixando de morder folhas para se agarrar aos galhos das árvores. Segundo os pesquisadores, isso ocorreu como resposta à diminuição de folhas nas árvores, processo que vem ocorrendo desde 20 a 40 milhões de anos.
Os fungos dependem que as formigas estejam em altura elevada para poder soltar as esporas e abranger maiores áreas para poder garantir a sobrevivência. “Nas áreas tropicais, mordem as folhas, mas em zonas temperadas, agarram-se aos galhos ou ao tronco”, afirmou David P. Hughes, autor principal do estudo e professor da Universidade da Pensilvânia.
O entomólogo se dedica ao estudo do comportamento das formigas infestadas pelo fungo. Junto com Kim Fleming, historiadora natural e fotógrafa, que vive numa propriedade com grande quantidade de formigas afetadas pelo parasita, foi possível juntar dados detalhados sobre as “formigas zumbi” durante mais de 18 meses.
A equipe encontrou fósseis da “formiga zumbi” que indicam uma idade de mais de 20 milhões de anos. Mas o mais notável, de acordo com David P. Hugues, é detectar a adaptação do fungo com as mudanças da natureza. “O que é notável aqui é que demonstramos que a complexa manipulação de um animal por um micróbio vem respondendo à pressão de seleção que o clima impõe aos animais e às plantas”, afirmou.
As pessoas interessadas em conhecer os efeitos das mudanças climáticas sobre a biodiversidade e os mecanismos de proteção e alternativas para adaptação e mitigação, podem se capacitar com o Mestrado em Mudanças Climáticas, patrocinado pela FUNIBER.
Fontes:
La ‘hormiga zombi’ se adapta al cambio climático