A água de luxo pode causar graves riscos ao meio ambiente, alertam especialistas. Com o interesse da indústria da água pelas geleiras, um debate se faz necessário
Se a água é um direito de todos, como é possível a exploração de uma geleira para vender água? No Tibete, o governo aprovou, há dois anos, licenças para a exploração de geleiras do Himalaia para a venda de água ao mercado de luxo. O analista do programa China Water Risk, Lio Hongquiao, comenta que dez importantes rios que fluem para o sul da Ásia dependem da zona e as alterações nesta fonte de água podem ter “impactos devastadores” para toda a região, disse.
Já a empresa Svalbardi retira a água de icebergs do arquipélago de Svalbard (no Ártico) e vende uma garrafa da água com 750ml por, em média, 94 euros. O produto se vende nas lojas “Harrods”, em Londres, e através da internet. A empresa usa uma grua e uma rede para tirar 30 toneladas de gelo por ano, que são transportados num barco para o derretimento. Cada “captura” de água rende a produção de 13 mil garrafas para a venda.
Qual é o custo ambiental da exploração da geleira? Numa entrevista ao jornal El País, o dono da Svalbardi, Jamal Qureshi, comenta que a empresa é livre de carbono e explora icebergs que estão à deriva, soltos, e que não servem para animais polares.
Especialistas comenta que a água recolhida para o consumo é insignificante diante da quantidade liberada pelo iceberg. Porém, a indústria da água engarrafada provoca outras atividades que contribuem para o aquecimento global como é a produção de garrafas, a energia gasta para recolher e transportar a água e a distribuição do produto.
O responsável da campanha de Águas do Greenpeace Espanha, Julio Barea, lembrou que “toda água engarrafada é insustentável”. A indústria da água de luxo põe em evidência uma das grandes vítimas das mudanças climáticas que é o Ártico. Além disso, como ressalta Barea, “não é ético vender uma garrafa de água por um preço tão elevado”.
Além dos problemas ambientais que poderiam causar, especialistas indicam que a água do Ártico não tem nenhuma vantagem sobre a água de fontes mananciais ou subterrâneas não contaminadas. Nos estudos na área de Meio Ambiente da FUNIBER, os profissionais se capacitam para atuar no desenvolvimento sustentável e na preservação dos recursos naturais.
Fonte: Agua del Ártico, a 94 euros la botella (El País)
Foto:Creative Commons (via Pixabay)