Autoridades tomaram medidas para buscar fazer com que o caranguejo vermelho americano, uma espécie invasora, não danifique a fauna local
A introdução de uma espécie invasora em uma região pode diminuir o desenvolvimento da fauna local. Na Espanha, o crescimento da população de caranguejo vermelho americano (Procambarus clarkii) está causando problemas em muitas regiões. De acordo com os especialistas, a introdução desta espécie invasora causou o deslocamento do caranguejo de rio nativo (Austropotamobius pallipes), o desenvolvimento de anfíbios, peixes e invertebrados foi afetado e houve introdução na região dos cogumelos Aphanomyces astaci e Aphanomyces leptodactylus, causadores da morte do caranguejo nativo.
A comercialização de espécies também se potencializou com a globalização, e com isso aumentou o risco de introduzir espécies invasoras em regiões diferentes de seu hábitat natural, como no caso do peixe-escorpião na região do Caribe ou do caranguejo vermelho americano na Espanha. Em Cuba, para reduzir o número de peixes-leão, sua pesca foi promovida e seu uso na gastronomia local é divulgado.
Na Espanha, foram adotadas medidas para reduzir a dispersão do caranguejo vermelho americano e foram estabelecidas regulamentações legislativas que favorecem sua captura e comercialização, com a condição de que os exemplares sejam mortos antes de seu transporte e venda. Algumas instituições espanholas estão apoiando também com atividades orientadas a difundir informação entre a população sobre os riscos que a introdução de espécies invasoras implica, e para desenvolver programas orientados a fazer acompanhamento da dispersão da espécie invasora e atividades de controle mais eficazes para erradicá-los.
As autoridades locais adotaram medidas para incentivar a captura do caranguejo vermelho, estabeleceu-se que não há um número nem tamanho mínimo para sua captura, proibiram-se atividades recreativas que promovam a captura da espécie para evitar sua dispersão inverificada, e proibiu-se que se transporte o caranguejo vivo.
Intenso debate
Este ano na Espanha foi proposta a proibição da comercialização do caranguejo vermelho por ação de grupos ecologistas que procuraram estender o Catálogo Espanhol de Espécies Exóticas Invasoras, aprovado em 2013, mas o problema radica em que alguns povos vivem quase exclusivamente da exploração do crustáceo.
O jornal El País informa que comunidades como a de Isla Mayor, em Sevilha, comercializam quase 20 milhões de euros anuais de caranguejo vermelho, e frente à possível aprovação de uma lei que proibiria a comercialização do caranguejo, gerou-se um protesto silencioso. Neste contexto, foi descoberto que a espécie que se considerava nativa na verdade é procedente da Itália, e esta situação aviva ainda mais o debate.
A proliferação do animal beneficiou as espécies que se alimentam da espécie invasora, mas sua presença afetou as espécies que dependem do solo marinho. O debate se torna intenso porque a sobrevivência de muitas famílias espanholas depende da captura do caranguejo vermelho. Deve-se priorizar o desenvolvimento econômico da população de algumas comunidades espanholas ou a conservação das espécies nativas? Qual é sua opinião?
Os estudantes da área Ambiental da FUNIBER analisam o entorno e procuram propor medidas para manter o equilíbrio dos ecossistemas locais.
Fontes: Google Books, El País
Foto CC : Rushen