Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente uma de cada 10 idosos sofreu maus entendimentos em seu ambiente familiar ou institucional. Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, aproveitamos para promover um debate que de uma vez gere uma conscientização: quais são os direitos humanos mais vulnerados em torno dos adultos. Participe!
Professores e alunos do Mestrado em Gerontologia, que a FUNIBER promove, se unem ao manifesto elaborado pelo Grupo de Trabalho de Psicologia do Envelhecimento do Colégio de Psicologia da Catalunia – COPC, no marco do Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, que se celebra hoje, dia 15 de junho.
“Acreditamos que a melhor maneira de lutar contra esta problemática é evidenciar que, por trás de atitudes e comportamentos socialmente aceitos, escondem-se ações abusivas para idosos e que a sociedade ignora, normaliza ou silencia”, apontam os professores e alunos do Mestrado de Gerontologia que a FUNIBER promove.
Para a elaboração do manifesto deste ano, pediu-se a alguns idosos que o complementem com suas opiniões em relação a alguns direitos que, consideram, deveriam ser os mesmos de pessoas de qualquer idade: os Direitos humanos.
MANIFESTO
Os idosos devem ter garantidos, entre outros, os seguintes direitos:
- DIREITO DE PRESERVAR A IDENTIDADE PESSOAL E A DIGNIDADE: Direito à liberdade, à autonomia e para ter um tratamento digno e de acordo com a história de vida.
Toda a minha vida cantei em um coral. É o que me faz mais feliz, mas já não posso ir porque ninguém quer me acompanhar – Rosa
- DIREITO AO SEU EMPODERAMENTO: O ambiente do idosos deve promover a dignidade e a autoestima da mesma, evitando provocar sentimentos negativos e de inutilidade.
Os idosos não são velhos. Temos experiência, ajudamos, criamos aos netos… Merecemos respeito – Pilar
- DIREITO PARA DECIDIR: Que a decisão seja respeitada, embora seja contrária ao que pensam as pessoas com as que convive e amam o idoso.
Minha irmã ficou bravo comigo porque diz que se não for a uma residência dou muito trabalho, mas eu quero viver em minha casa! – Antonio
- DIREITO DE OPINAR: A opinião do idoso deve ter o mesmo peso que a dos outros membros de seu âmbito social, familiar ou comunitário.
Incomoda-me que em casa ninguém me consulte nada e me expliquem as decisões quando já estão tomadas. Sinto que minha opinião já não vale para nada– Cristóbal
- DIREITO DE ESCOLHER LIVREMENTE: O idoso tem direito a escolher tudo o que concerne à sua pessoa, como por exemplo o que comer, beber ou fazer e a não ser forçado a atuar de maneira contrária à sua vontade.
Não entendo por que minha filha tem que decidir onde vivo, que roupa uso, o que como… Não sou uma criança! – Lola
- DIREITO DE APRENDER E ACESSAR ÀS NOVAS TECNOLOGIAS: idade não deve supor uma limitação para a aprendizagem. A sociedade deve facilitar a formação e o acesso dos idosos às TIC.
Fica muito por aprender. A curiosidade me mantém vivo! Eu gostaria de me apontar a um curso de astronomia, mas meu genro diz que é jogar dinheiro – Juan
- DIREITO DE SE APAIXONAR e DE DESFRUTAR DE SUA SEXUALIDADE: O idoso tem direito de amar sem se sentir julgado ou culpado pelo fato de amar. Tem direito a desfrutar de uma sexualidade livre, digna e positiva.
Meus filhos não aceitaram minha relação com a pessoa da qual me apaixonei. Arrependo-me de ter escutado eles. Eu sinto muita falta! – Pepe
- DIREITO DE EXPRESSAR EMOÇÕES E SENTIMENTOS: O idoso tem direito a que não se reprima ou ignore a expressão de seu estado anímico e emocional.
Por que não me deixam chorar quando estou triste? Por que não consideram ao que eu sinto? – María
- DIREITO DE TER O CONTROLE E A ADMINISTRAR SEU PATRIMÔNIO: Os idosos devem ter controle sobre seus pertences e decidir como querem administrá-los. Esta decisão deve ser respeitada em todo momento, embora não se esteja de acordo com ela. O patrimônio acumulado é fruto do trabalho de toda uma vida e somente o idoso deve decidir sobre o mesmo sem delegar em ninguém, e sem ser limitado, condicionado ou manipulado por terceiros, bem sejam do âmbito familiar ou do âmbito social.
Estou muito zangada com meus filhos. Têm minha cartilha de economia e me dizem que agora levam as contas eles para que não me tenha que preocupar e que se necessitar algo que o peça. Por que tenho que pedir algo que é meu? – Rosa
- DIREITO DE INTIMIDADE: Busca que se respeite a privacidade do espaço e as relações do idoso. Este direito está especialmente vulnerado nas residências, sobretudo, quando a pessoa tem algum problema cognitivo.
Sinto falta de poder falar com alguém sem estar sempre rodeado de pessoas, com o ouvido pronto para saber o que estou dizendo– José
- DIREITO DE DENUNCIAR: Entender que é denunciável qualquer situação de mau trato, negligência ou tratamento inadequado, tanto no âmbito familiar como institucional.
Mas como vai denunciá-lo! Depois tem que continuar morando com eles e será pior– José
- DIREITO DE NÃO SER TRATADO DE MANEIRA INFANTIL: O idoso tem direito de ser tratado com respeito, por seu nome, sem diminutivos nem expressões infantilizantes.
Não suporto que me troquem o meu nome! Meu nome é Mª Teresa, não Maitê nem Teresinha. Sei que fazem isso carinhosamente, mas não gosto – Maria Teresa
- DIREITO DE NÃO SER IMOBILIZADO NEM POLIMEDICADO SEM NECESSIDADE: Em caso de perda cognitiva grave, a pessoa tem direito à prescrição de recursos alternativos à contenção física ou farmacológica, que preservem a dignidade e não comportem efeitos negativos sobre a saúde.
Aterroriza-me pensar que se perder a cabeça me atem ou me mediquem para não incomodar. Prefiro morrer! – Fernando
- DIREITO DE VIVER MAIS E MELHOR: O idoso tem direito a viver em condições dignas e a uma assistência psicológica, sanitária e social adequada às suas necessidades, procurando com isso melhorar a qualidade de vida.
Como tenho muitos anos, diz o médico que já não vale a pena operar. Eu não sei os anos quantos anos restam para viver, mas estas dores de joelhos estão me matando. Se tiver que viver assim prefiro morrer logo. – Ângela
- DIREITO DE DECIDIR SOBRE A PRÓPRIA MORTE: Deve ser respeitada a vontade das pessoas a respeito de sua morte e garantido seu direito a morrer dignamente.
Eu não gostaria de morrer em um hospital. Quando chegar o momento quero que meus filhos me levem à casa para morrer em minha cama, rodeado de minhas coisas e minha família. – Pedro
Conclui a fala que o bom trato é universal, é o resultado do respeito dos direitos, da dignidade da pessoa e não tem idade e envolve reconhecer ao outro de igual a igual.
Nos idosos de seu país, quais direitos acredita que estão vulneráveis? Especifique sua resposta com algum exemplo. Por outro lado, que medidas ou ações considera que são necessárias estabelecer para melhorar o bom tratamento para o idoso?
Tua reflexão é importante, ¡participe!
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