Entrevistamos o Dr. Kamil Giglio, professor do Mestrado em Educação com especialidade em TIC na Educação, para conhecer o setor das startups no âmbito educativo.
A busca por alternativas de ensino, com o fechamento das escolas e outras instituições educativas devido à pandemia, provocou um aumento da demanda de serviços e ferramentas tecnológicas na área da educação.
Como consequência, estima-se um crescimento considerável do mercado das startups de tecnologia educativa, também chamadas edtechs. Segundo o banco inglês IBIS Capital, o mercado global deste setor poderá aumentar aproximadamente 17% até o fim do ano.
Este aumento, entretanto, dá continuidade a um mercado que já vinha se expandindo por aliar dois elementos importantes na educação: a inovação e a tecnologia. Porém, há desafios.
Entrevistamos o Dr. Kamil Giglio, professor do novo programa promovido pela FUNIBER, o Mestrado em Educação com especialidade em TIC na Educação, para conhecer mais sobre este cenário em expansão no âmbito educativo.
Que tipo de ferramentas e soluções oferecem estas startups?
Há uma diversidade de propostas que versam sobre soluções tecnológicas para suportar e ampliar as experiências de ensino e aprendizagem, bem como aspectos relacionados à gestão. Algumas tratam de modernizar práticas e otimizar resultados, com propostas de agendas eletrônicas para a comunicação, por exemplo. Outras, incrementam processos tradicionais, agregando recursos de acessibilidade para pessoas portadoras de surdez e cegueira, por exemplo. E há também as que propõem inovações, com plataformas adaptativas que utilizam inteligência artificial para personalizar o percurso de aprendizagem de acordo com as interações de cada estudante, por exemplo.
As escolas tradicionais integram estas empresas como parceiros nos processos educativos?
É explícito o crescimento no número de projetos implantados em sala de aula e instituições educacionais. Ou seja, o processo tem sido gradual e é bastante heterogêneo. Conseguimos perceber um aumento na integração desses recursos por parte de algumas redes e instituições educativas. Porém, o índice de integração e o nível de conhecimento sobre o uso pedagógico das soluções varia de acordo com país, região, segmento educacional (básica, superior, técnica, etc.) e acesso/infraestrutura.
Qual a maior demanda por serviços ou ferramentas oferecidos pelo setor de inovação e tecnologia educativa?
É difícil especificar, em um cenário mundial crescente que busca apresentar soluções diversas para problemas existentes e melhorar/facilitar processos já estabelecidos. Contudo, devido à pandemia, nesse momento a busca por plataformas digitais educativas e recursos educacionais tem se destacado por conta da pandemia. Segundo os dados do ranking dos maiores números de downloads da Apple Store e da Google Play, em abril de 2020 foram contabilizados cerca de 131 milhões de downloads, e destacaram-se aplicativos voltados para educação a distância, entre os quais aparecem o Zoom, o Microsoft Teams e o Google Meet.
Estima-se que após a pandemia, este setor poderá crescer ainda mais. Quais os principais desafios para a implantação de inovação e tecnologia educativa?
Resumidamente, podemos dizer que os desafios consistem, primeiramente, na montagem de uma infraestrutura adequada, passando pela mudança cultural e da perspectiva sobre educação da comunidade escolar (abertura para inovação), pela capacitação docente para fazer uso pedagógico da tecnologia (uso de metodologias centradas no estudante) e na curadoria e desenvolvimento de recursos que permitam flexibilizar e ampliar os limites do processo de ensino e aprendizagem.
Esta mudança vai exigir dos professores uma atualização e preparo contínuos. Como colaborar para uma formação de professorado eficiente para atuar neste setor?
É preciso assimilar as transformações socioeconômicas e culturais que a globalização dos mercados tem gerado. Novas áreas de conhecimento e profissões têm surgido (nanotecnologia, recursos humanos, biotecnologia, entre outros) e é preciso preparar os estudantes para atuar nesse contexto. Como as instituições educacionais são reflexos da dinâmica social, torna-se uma exigência a formação continuada dos docentes para lidar com as demandas e inovações do mundo contemporâneo. Com tantas informações disponíveis na internet, é preciso realizar uma curadoria e definir um escopo/desenho que auxilie o professor a aprofundar suas análises e buscar alternativas para adequar o processo educacional ao contexto atual (local/regional/global).
O que oferece este novo programa de Mestrado em Educação com especialidade em TIC na Educação?
O programa é voltado para formação de profissionais da educação que buscam inovar em suas práticas e que enxergam na tecnologia uma alternativa para ampliar o processo de ensino e aprendizagem. Com propostas que equilibram teoria e prática, o curso foi desenhado para atender às mais recentes demandas relacionadas à inovação e tecnologia educativa, permitindo que o profissional conheça diferentes possibilidades e desenvolva competências para atuar e promover uma educação do século XXI.