Falta formação de professores para uma escola com igualdade de gênero

Em muitos países, falta ainda formação docente para perceber e trabalhar a questão de gênero nas salas de aula, e assim poder fomentar a igualdade e a equidade social

“O professorado tem um papel chave no âmbito educativo e é substancial para qualquer mudança social”, ressalta a consultora de gênero Ana Fernández De Veja De Miguel. Ela é também secretária da Associação Profissional de Consultoria de Gênero, na Espanha.

Segundo a consultora, as escolas devem fazer planos transversais de formação de professores em perspectiva de gênero. “Se eles não têm uma postura que reconheça que existe esta desigualdade entre mulheres e homens, dificilmente vamos poder avançar neste trabalho para a igualdade desde a infância”, afirma.

Ela explica sobre a necessidade de entender as pessoas de maneira mais intuitiva, com uma visão além da questão de gênero. Um exemplo citado pela consultora se refere às crianças transexuais que têm uma concepção da identidade que não está limitada ao binário masculino-feminino.

“Tem que educar-nos como pessoas, não como homens e mulheres”, diz Ana Fernández de Veja De Miguel. Por isso, é importante avançar numa educação integral e global, que tratem as pessoas dentro dos valores universais. Entretanto, como afirma, não significa esquecer a estrutura de gênero existente que provoca situações de desigualdade e preconceito.

A UNESCO publicou em 2016 o Guía para la Igualdad de Género en las Políticas y Prácticas de la Formación Docente, com a intenção de oferecer ferramentas introdutórias para uma perspectiva de gênero nas práticas de formação docente.

Segundo a publicação da UNESCO, as políticas de formação docente, especialmente na América Latina, nem sempre se ocupam das desigualdades de gênero, e raramente os professores têm alguma formação em perspectiva de gênero, o que acaba favorecendo a reprodução de concepções estereotipadas e discriminatórias.

Outro recurso interessante é o Relatório de Monitoramento Global da Educação 2018: relatório conciso de gênero; cumprir nossos compromissos com a igualdade de gênero, publicado também pela UNESCO que analisa as questões de gênero no desenvolvimento profissional, e o papel da educação neste sentido.

Que tipo de recurso se deve usar para educar homens e mulheres em matéria de igualdade?

A consultora Ana Fernández De Veja De Miguel defende a importância de empoderar as meninas, considerando que os meninos já possuem lugares de poder mais garantidos culturalmente.

Também dar um impulso extra a setores profissionais com pouca presença de mulheres como acontece por exemplo na área de tecnologia, ou conhecimentos mais matemáticos e científicos.

Um recurso simples é a escolha de filmes que retratem alguns temas vinculados à questão de gênero, ou também a realização de trabalhos em equipes mistas, como jogos esportivos, por exemplo.

A FUNIBER patrocina programas de mestrado, especialização e doutorado na área de Formação de Professores para possibilitar uma capacitação continuada para o trabalho no campo da educação.

Fontes:

“Nos tienen que educar como personas, no como hombres y mujeres”

Guía para la Igualdad de Género en las Políticas y Prácticas de la Formación Docente

Relatório de monitoramento global da educação 2018: relatório conciso de gênero; cumprir nossos compromissos com a igualdade de gênero

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