A formação de professores deve oferecer respostas reais às necessidades dos educadores. A diretora do Teachers College, Susan Furhman, oferece algumas reflexões neste sentido
A Ana trabalha diariamente com crianças, ensinando para um grupo de 20 alunos, a língua oficial do país. Para esse trabalho, ela tem que consultar diversos materiais que possam oferecer a base da sua aula, ela deve montar o conteúdo e escolher os recursos mais apropriados. Ela também tem que decidir qual a metodologia usará para ensinar este conteúdo, já que o modelo de ensino é fundamental para uma boa aprendizagem. Mas como saber se os alunos aprenderam? Ela terá ainda que montar atividades de avaliação.
Esse seria o trabalho da professora Ana, porém há muito mais. Ela ainda tem que ter reuniões com os professores, com os pais, e conseguir realizar uma atenção o mais individual possível com seus alunos para entender a demanda e a especificidade de cada um. Ela deve entender de psicologia, para lidar com diversos tipos de conflitos e emoções em classe.
Também, é importante que ela entenda de TIC, para que possa oferecer aos seus alunos os instrumentos necessários para viver nesta sociedade tecnológica. Como conhecer as ferramentas mais atuais, as redes sociais, as plataformas digitais que podem auxiliar no processo de aprendizagem.
Parece muito trabalho para esta professora. Ainda assim, ela precisa assistir a cursos de formação contínua. Uff! Cansativo. Por isso, Susan Furhman, a diretora do Teachers College, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, destaca a importância de apoiar e incentivar o desenvolvimento dos professores.
Ela esteve em São Paulo, no Brasil, para participar de um encontro com grupos representantes de movimentos educativos para conversar sobre políticas de incentivo, formação de professores e valorização da carreira docente.
Neste encontro, ela destacou nove questões sobre a formação do professorado que se deve ter em conta:
A formação deve integrar o conhecimento e a prática – Para poder aprender através de experiências reais que possam oferecer conhecimentos aplicáveis na prática, os professores devem atuar. Assim como ocorre em outros campos, como nos cursos de medicina, os professores devem aprender dando aula.
É necessário estabelecer padrões sobre o que os professores precisam saber – Ela afirma que os professores deveriam ter uma orientação precisa a partir de padrões estabelecidos pelo país. Criar um tipo de certificação ajudaria neste sentido.
Os professores devem ter apoio para a prática docente – Mas para que estes professores alcancem este padrão, certificado, eles devem contar com o apoio social. Os professores precisam de boas lideranças, boas condições de trabalho, materiais adequados e acesso à tecnologia.
A reforma tem que ser sistêmica – Por outro lado, a bonificação dos professores, prática comum, vem demonstrando poucos resultados, segundo Susan Furhman. Ela acredita que mais que investir em recompensas, a reforma deveria ser sistêmica.
A educação é política – “A educação é política em qualquer lugar. Política se trata de alocar valores, e a educação é um valor essencial”, afirma.
O plano de carreira para os professores deve estar relacionado com o currículo dos alunos – “Não adianta fazer um curso desvinculado. Tem que ser tudo bem planejado para ter relevância no dia a dia deles”, afirma.
A importância das instituições para contribuir para o desenvolvimento profissional do professor – Sem dúvida, a questão do apoio à formação profissional deve passar por uma rede institucional que colabora com recursos e assistência aos educadores e líderes educacionais.
A FUNIBER é um exemplo, em este sentido, já que patrocina programas para a Formação de Professores, com cursos à distância, a partir de uma rede internacional de universidades e oferece bolsas de estudo para facilitar o desenvolvimento dos docentes.
Fonte: 9 reflexões para valorizar a carreira e melhorar a formação de professores
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