O Mestrado em Rendimento Esportivo: Treinamento e Avaliação Funcional, da Universidad Europea del Atlántico e promovido pela FUNIBER, dado seu caráter semipresencial, organizou ambientes de aprendizado por meio de seminários on-line que permitiram o contato com profissionais de primeiro nível do alto rendimento.
Entrevistamos o coordenador do programa do mestrado, o Prof. Dr. Carlos Lago Fuentes, que nos explicou sobre a metodologia de aprendizado combinado do programa e os seminários que vêm ocorrendo no contexto da pandemia.
Qual é o formato dos seminários?
Os seminários têm um formato muito atraente. Desde outubro passado, temos realizado dois a três seminários por semana com professores da universidade e convidados. Como fazemos? A maioria dos palestrantes grava o seminário com antecedência. Uma vez que a data do webinar ao vivo tenha sido encerrada, os estudantes são habilitados no Campus Virtual com uma semana de antecedência para que possam assisti-lo, anotar perguntas e estar preparados para interagir com o profissional. Em um nível geral, foram criados diferentes blocos de conteúdo relacionados com o rendimento esportivo, com a ideia de abordar essas diferentes frentes nessa área.
Como é a integração desses seminários semipresenciais com a parte on-line?
Os alunos, por um lado, estudam a parte on-line organizado em três trimestres. Em cada trimestre, cursam três disciplinas que combinam conteúdo teórico, recursos multimídia, recursos de leitura, debates, etc. Ao mesmo tempo, desde outubro, começamos a organizar os seminários em blocos, para que os estudantes, independentemente de seu progresso acadêmico no programa de mestrado, possam complementar sua formação on-line com seminários, workshops e palestras ao vivo, interagindo com profissionais de alto nível.
O senhor considera esta modalidade de ensino importante no campo do esporte?
Como um bom galego, sim e não. Como sabemos, esse programa tem uma metodologia semipresencial, que procura combinar esse estudo on-line com a formação presencial concentrada na universidade. No entanto, devido à situação mundial atual, tivemos que adaptar essa presencialidade a uma presencialidade virtual ao vivo. O campo da ciência esportiva, do alto rendimento esportivo precisa de contato direto, das avaliações de nossos atletas, conhecer, praticar e aplicar as novas ferramentas de avaliação, treinamento esportivo e controle, metodologia, implementação técnica, etc. É por isso que nossa profissão requer uma formação presencial. Entretanto, abordamos essa adaptação com muito amor e senso acadêmico, ela faz com que os estudantes aprendam e possam interagir com os profissionais. Como exemplo, estamos projetando algumas oficinas sobre controle de carga através do bom manejo de uma ferramenta tão conhecida e, ao mesmo tempo, desconhecida, o Excel. Através dessa oficina on-line, trabalharemos em conjunto com os estudantes para que eles possam tirar o máximo proveito de mais uma ferramenta. Além disso, esta semana os estudantes puderam assistir ao vivo a análise da técnica de corrida em corredores através do software de um de nossos palestrantes, Luis Enrique Roche, pesquisador, fisioterapeuta e podologista especializado o trabalho com corredores. Para dar outro exemplo, há duas semanas eles tiveram a oportunidade de debater com Pilar Hueso, treinadora do Levante União Esportiva Femenino, que lhes mostrou diferentes vídeos sobre como ela trabalha em diferentes fases de readaptação com suas jogadoras e como justifica o progresso delas no trabalho. Em suma, um verdadeiro luxo que traz essa presencialidade o mais próximo possível, apesar da distância e da tela.
Na sua opinião, o que o senhor considera mais presente e mais ausente nas pesquisas em rendimento esportivo?
Hoje, assim como as informações esportivas que temos acesso, a pesquisa em rendimento esportivo se concentra nos esportes que atraem mais recursos e atenção, como o futebol, de longe, e, talvez, seguidos pelo basquete e pelo rúgbi. Além disso, na minha humilde opinião, há um excesso de estudos que não têm nenhuma conexão com a realidade ou transferência para o dia a dia do atleta de alto rendimento. Ou seja, um dos princípios da ciência foi perdido: a transferência para o mundo real, neste caso, o rendimento esportivo. Isso provoca um grande problema ao nível internacional sobre a pesquisa em matéria de rendimento esportivo: esportes pouco conhecidos não são pesquisados e exigem muita pesquisa, assim como certos fatores que não são tão relevantes ou não são tão atraentes para o dia a dia. Por isso, procuramos no mestrado dar essas ferramentas aos alunos, para que possam analisar, avaliar e otimizar o rendimento de seus atletas com as ferramentas que têm à sua disposição.
O senhor acha que esse programa oferece mais oportunidades de formação e desenvolvimento de pesquisas no campo do esporte?
Em relação à pergunta anterior, no mestrado falamos sobre a realidade do alto rendimento. Procuramos reunir as experiências e metodologias de trabalho de profissionais de alto nível, mas também de enormes profissionais que não dispõem de tantos recursos quanto se poderia esperar. Abordamos o rendimento através de um trabalho multidisciplinar, com foco sempre na ciência para transferência e praticidade, e também os orientamos para cobrir suas inquietações pesquisadoras e profissionais. Em suma, não queremos que este mestrado se torne, como dizem, que os alunos escutem os palestrantes “falando sobre seu livro” e, portanto, só leiam e saibam o que está sendo feito no mais alto nível. Queremos que os estudantes compreendam, discutam, apliquem e aproveitem ao máximo as ferramentas que têm à sua disposição. Obviamente, tudo isso é possível graças ao corpo docente da rede e ao envolvimento dos palestrantes, que se abrem o máximo possível aos estudantes. Sem essas sinergias, todo esse trabalho árduo não seria possível.