Melhorar a compreensão da questão racial no sistema de saúde

Escritora e jornalista norte-americana destaca como o racismo ainda dificulta o cuidado médico adequado da população negra

Um artigo da jornalista e escritora Linda Villarosa, publicado na revista do jornal The New York Times, destaca a questão do racismo histórico dentro da medicina.

Ela comenta diversos casos ao longo da história que apresentaram argumentos racistas para justificar práticas pouco éticas na área da saúde, atos que contribuíram para a desigualdade nos estudos e desenvolvimento de tratamentos para a população negra.

A jornalista acredita que esta crença de séculos atrás nas diferenças fisiológicas raciais mascararam os efeitos da discriminação e das desigualdades estruturais. Mas a história ainda hoje marca seus efeitos: segundo um estudo publicado em 2016, 222 estudantes e residentes de medicina brancos nos Estados Unidos mostraram que a metade deles ainda acredita em ao menos um mito sobre diferenças fisiológicas raciais.

“Ao invés de considerar a raça como um fator de risco que prediz doença ou deficiências”, diz, “deveríamos melhorar a compreensão da questão racial como uma variável do preconceito, de desvantagens e tratamentos inadequados”, ressalta.

Em outra notícia, publicada no ano passado, a jornalista já havia destacado o tema da saúde de mães e bebês nos Estados Unidos, comparando as taxas de morte entre brancos e negros. Ela destacava que a taxa de mortalidade das mães e bebês negros eram mais que o dobro das mães e bebês brancos. Com esta reportagem, ela foi finalista nos Estados Unidos, na premiação National Magazine Award.

“Os fracos resultados de saúde dos negros, alvo de discriminação ao longo de centenas de anos e inúmeras gerações, podem ser um prenúncio para a saúde futura de uma América cada vez mais diversificada e desigual”, alerta.

A jornalista é diretora do programa de Jornalismo do City College da City University of New York , e é colaboradora da revista do jornal The New York Times.

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Fontes: Myths about physical racial differences were used to justify slavery — and are still believed by doctors today

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