Os franceses consomem, em média, a mesma quantidade de gordura saturada que os finlandeses, no entanto, sua prevalência de morte por doenças coronárias é cinco vezes menor, de acordo com a evidência apresentada por um estudo realizado em 1993. Esta realidade foi batizada como “o paradoxo francês” e levou alguns cientistas a pesquisarem sobre o tema.
Até agora, as teorias para explicar o “paradoxo francês” giravam em torno do vinho e da ação dos polifenóis e seus benefícios para o coração, ou de outras fontes de gordura de origem vegetal, como o azeite de oliva. Além da dieta, sustentava-se que a razão de uma melhor saúde poderia estar relacionada a um estilo de vida pouco sedentário.
No entanto, uma nova pesquisa publicada na revista Journal of Agricultural and Food Chemistry, aponta para um ingrediente da dieta francesa que até agora não havia sido considerado: o queijo.
Os pesquisadores focaram seus estudos nos benefícios do consumo do queijo e, em particular, na forma como se desenvolve a digestão deste.
Tradicionalmente, considerou-se que o consumo de lácteos com gordura saturada fizesse mal para o coração, mas o recente estudo realizado por pesquisadores da Dinamarca indica que o consumo de queijo poderia beneficiar a saúde do coração.
Os pesquisadores realizaram um estudo de metabolômica (estudo dos metabólitos produzidos por uma célula ou tecido). A pesquisa comparou amostras de urina e amostras fecais de 15 pessoas que tinham uma dieta rica em queijo com a de homens saudáveis que consumiam lácteos, mas não o queijo. Os resultados da pesquisa indicaram que os consumidores de queijo tinham uma excreção urinária menor para citrato, creatina, creatinina e ureia, o que indicaria que o consumo de queijo afeta o processamento de ácido cítrico e da ureia no organismo.
Conseguiu-se identificar que os consumidores de queijo têm níveis mais baixos de TAMAO, um metabólito que está associado ao risco de doenças cardiovasculares. O TAMAO se produz após a degradação da colina pela microbiota, encontrando-se níveis elevados deste metabólito entre os consumidores de produtos de origem animal, especialmente, entre os consumidores de carne vermelha.
Os pesquisadores sugerem que o queijo poderia modificar a composição ou funcionamento da microbiota, além de modificar a produção de certos metabólitos. Para obter uma visão mais clara sobre o “paradoxo francês”, são necessários mais estudos relacionados com a metabolômica da flora intestinal, mais do que às nossas próprias células.
Esta pesquisa permitiu demonstrar, além disso, que o consumo de queijo está relacionado à redução de níveis séricos de colesterol.
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Fonte:
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