Pressão internacional para a preservação ambiental no Brasil

Mudanças recentes no sistema de legislação e fiscalização ambiental afetam a Amazônia brasileira. Cientistas e governos internacionais pressionam por preservação da floresta

O cientista Paulo Artaxo, doutor em física atmosférica e estudioso da Amazônia desde 1984, alerta para o ritmo atual de desmonte do sistema de fiscalização e legislação ambiental no Brasil.

Segundo este cientista, considerado um dos brasileiros cientistas mais influentes no mundo e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), se se mantém a destruição da floresta amazônica como agora, este ecossistema poderá atingir um limite irreversível em mais 4 ou 8 anos, já que parte da floresta não conseguiria se sustentar.

“Reduzir o desmatamento é uma questão absolutamente crucial para a estabilidade do clima do planeta – assim como reduzir as emissões de combustíveis fósseis dos países desenvolvidos”, explicou Artaxo para a BBC Brasil.

A Amazônia tem um papel importante para a regulação do clima, já que é capaz de absorver grande quantidade de dióxido de carbono e produz cerca de 20% do oxigênio na atmosfera do planeta.

Artaxo afirmou para a BBC que a pressão internacional, feita por outros países, é um dos principais instrumentos que poderá conter este desmonte e tentar frear o desmatamento.  A mudança neste sistema no atual governo provocou também um problema com a Noruega, principal doadora do Fundo Amazônia, lançado em 2008 para a preservação da floresta. Em 11 anos, os noruegueses doaram cerca de US$ 1,2 bilhão para o fundo.

As doações, feitas a partir de um projeto de cooperação internacional, estão condicionadas a alguns fatores como são as taxas de desmatamento na floresta. “Nós enfatizamos que não pode haver mudanças na estrutura de direção do fundo sem o consentimento da Noruega como parte do acordo”, afirmou o ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega, Ola Elvestuen.

No final de abril, documento assinado por 602 cientistas pediu à União Europeia que não comprasse os produtos brasileiros que não cumpram com compromissos ambientais e de proteção aos povos indígenas.

Dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelaram que o desmatamento na Amazônia Legal brasileira no mês de junho teve um aumento de 88% em relação ao ano passado.

Fontes:

Desmonte sob Bolsonaro pode levar desmatamento da Amazônia a ponto irreversível, diz físico que estuda floresta há 35 anos

Amazônia perde ‘um campo de futebol’ de floresta por minuto

Principal doadora, Noruega diz que Bolsonaro não pode alterar fundo bilionário da Amazônia ‘sem consentimento’

Foto: Livre de direitos por Ana_Cotta