Bombeiros ainda buscam vítimas do incêndio que causou uma das piores tragédias da história do país, e autoridades investigam causas dos focos, e erros no plano de evacuação
A Grécia lamenta a tragédia vivida na quarta-feira, dia 25, que resultou em ao menos 81 mortos e mais de 180 feridos, após incêndio na região de Ática, próxima à capital grega. Entre as vítimas, adultos, adolescentes, crianças e até um bebê de seis meses que ficaram presos nas chamas do incêndio, sem conseguir escapar.
Não há ainda confirmações oficiais sobre o número de pessoas desaparecidas. Algumas famílias buscam, através das redes sociais, mais informações. O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, declarou três dias de luto nacional.
Após o controle do fogo, as autoridades gregas começam a investigar as causas do incêndio que teve 15 focos simultâneos em três lugares diferentes de Ática. A principal suspeita até agora indica que o incêndio poderia ter sido provocado com finalidade de empreendimentos na área.
Tanto a especulação imobiliária, considerando que a zona é um local com muito interesse turístico, como também o interesse por construir parques eólicos na região, são as principais hipóteses dos investigadores que analisam as causas do incêndio.
Por outro lado, os gregos questionam a magnitude da tragédia e a capacidade de atuar rapidamente para a proteção das pessoas e do meio ambiente. Em parte, comentam que os cortes realizados em 2010 podem ter afetado os serviços de resgate ao diminuir o número de bombeiros.
Por outro lado, jornais gregos comentam que houve resistência dos gregos por deixarem as casas, sendo que muitas foram construídas ilegalmente. A maioria das vítimas encontradas estavam em suas casas e em veículos, quando deixavam o local. Os que conseguiram alcançar o litoral – a zona estava a 300 metros do mar – foram resgatados pela Guarda Costeira que chegou a salvar 900 pessoas no litoral e 20 dentro da água.
Anna Kiriazova, de 56 anos, conseguiu sobreviver junto com seu marido. O casal utilizou uma mangueira de jardim para molhar a casa e acreditam que por terem janelas de metal, e não de madeira, conseguiram sobreviver. “Não pudemos ver o fogo, veio de repente. Havia muito vento e nós não vimos como aconteceu”, disse.
“Houve muito pânico, porque a estrada inteira ficou bloqueada por carros”, disse. “Gritos, histeria, podíamos ver que o fogo estava chegando com o vento. O cheiro já era forte, o céu estava preto e, em pouco tempo, o fogo já estava aqui”, relembrou.
Erro no plano de evacuação
Alguns vizinhos comentam sobre a desorganização da evacuação, e o cenário de salve-se quem puder. Até mesmo bombeiros comentaram que o desvio do tráfico levou justamente para onde se dirigiam as chamas, que corriam a 100 e 120 quilômetros por hora.
O Tribunal Supremo solicitou uma investigação para detectar se houve resposta oficial inadequada ou inexistente no plano de evacuação. A jornalista Klelia Avatangelou, sobrevivente, comenta que se percebe falta de intervenção eficaz. “Não entendemos como pode ter passado isso: há bases do Exército a dois passos e poderia haver dado um alerta de aviso, um sinal de alarme”, disse.
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Fontes:
Famílias usam TV e rádio para localizar desaparecidos após incêndios na Grécia
Grécia investiga “atividade suspeita” na onda de incêndios mais mortal de sua história
Los afectados por los incendios en Grecia: “Nadie nos avisó de nada”
Foto: Creative Commons por Pixabay