Conheça quais foram os dez temas principais debatidos no Fórum da Economia da Ägua que aconteceu na Espanha
Durante o Fórum da Economia da Água, em Barcelona (Espanha), que ocorreu há dois dias, alguns debates importantes remarcaram a importância do diálogo social para garantir o manejo adequado da água.
Sobre a economia da água, dez assuntos estiveram em pauta:
1) Escassez – Existem muitas zonas hidrográficas com baixa reserva de água. Para conseguir uma gestão sustentável, é importante encontrar outras fontes de água para uso como podem ser as águas já utilizadas. Para isso, é necessário avançar nos processos de aproveitamento das águas residuais, tema importante debatido neste ano, no Dia Mundial da Água.
2) Mudança Climática – Gabriel Borràs, da Oficina Catalã de Mudança Climática defendeu a necessidade de um planejamento para o futuro. “A ameaça da mudança climática é pouco considerada nos planos hidrológicos estatais, apesar de ter uma grande influência sobre a demanda”, disse durante o Fórum.
3) Agricultura – A agricultura demanda uma grande quantidade de água, tanto que é o setor que mais utiliza deste recurso hídrico em todo o mundo. A Organização das Nações Unidas (ONU) indicou que quase 70% de toda a água disponível no mundo é usada para irrigação. E alguns países é ainda maior, como por exemplo na Espanha, onde esse índice chega a 85%. Especialistas já avaliaram que há desperdício no setor e que muito pode ser feito pra economizar água.
4) Preço – Borràs ressalta que “os usuários devem pagar pelo custo da água”, diz e deve-se evitar a subvenção estatal para infraestruturas caras e ineficientes. “Não há evidências de avanços na recuperação de custos na agricultura, pecuária, energia e indústria que não estão integradas às redes urbanas”, disse Carlos Gómez, diretor de economia da Universidade de Alcalá de Henares.
5) Consumo – De acordo com Carlos Gómez, não se consome mais água que há alguns anos, na Espanha. Porém, deve-se analisar se a quantidade de água consumida é a necessária e se este consumo não vai comprometer o futuro. Os países devem relacionar o consumo de água com o crescimento econômico, para prever secas em determinados períodos.
6) Recuperar os ecossistemas aquáticos – Uma das orientações principais para o bom manejo da água trata-se da recuperação do bom estado dos rios e aquíferos. Para isso, é importante uma política pública que permita o uso de diversos recursos hídricos para aumentar a eficiência e a reutilização da água na indústria e outros setores.
7) Remedir impactos ambientais – As disputas pelos custos de limpeza da água contaminada pela atividade agrícola, industrial e pecuária revelam cada vez mais que “quem contamina paga”. O Estado deve controlar de forma contínua os impactos provocados pela atividade econômica, analisando os casos de descontaminação por parte das empresas, e evitar que o processo de limpeza das águas contaminadas saia dos cofres públicos.
8) Dessalinização da água – Cerca de 97% da água do mundo provem dos mares. Para aumentar a oferta de água potável, muitas técnicas foram desenvolvidas para a dessalinização para retirar o sal das águas de mares e oceanos. Os especialistas recomendam usar a água dessalinizada quando a disponibilidade de recursos hídricos a longo prazo seja menor do que uma possível demanda futura, ou quando se percebe uma sobre-exploração dos recursos hídricos.
9) Países em Desenvolvimento – A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomendou que um preço fixo para o serviço de água poderia resolver todas as carências nos países do Terceiro Mundo (que representa a 670 milhões de pessoas sem acesso melhorado à água ou 2.400 milhões de pessoas sem acesso ao saneamento). Mas o enfoque estava errado. De acordo com Carlos Gómez, “o objetivo não deve ser cobrar mais pela água senão resolver os problemas e garantir o bem-estar das pessoas com recursos disponíveis”.
10) Bom governo – A participação de todos os setores sociais é importante para o manejo da água. Como disse Gonzalo Delacámara, diretor acadêmico do Fórum da Economia da Água, “qualquer crise da água é uma crise de governança” e revela a falta de colaboração entre setores públicos, privados e organizações sociais que devem participar no controle dos recursos hidráulicos.
Os profissionais que se formam com os programas na área ambiental da FUNIBER devem estar atentos às discussões sobre o manejo dos recursos hídricos que possam oferecer formas para garantir a sustentabilidade do desenvolvimento econômico.
Fontes: Un decálogo para una nueva economía del agua (LaVanguardia)
A agricultura é vilã ou vítima na crise hídrica? (BBC)
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