Uma equipe internacional de cientistas identificou 41 “pontos de inflexão” que poderiam gerar mudanças abruptas no clima de algumas regiões. Os pesquisadores indicaram que, embora os modelos mostrem várias mudanças abruptas prováveis, seria muito difícil prever quando e onde elas irão ocorrer.
O diretor da pesquisa, Sybren Drijfhout, da área de Ciências do Oceano e da Terra da Universidade de Southampton, no Reino Unido, ressaltou que não se trata apenas de identificar as mudanças que poderiam ocorrer se ultrapassássemos a barreira dos 2 °C, porque “os resultados mostram que não existem limites seguros e muitas mudanças abruptas ocorreriam como consequência do aquecimento global, inclusive com níveis abaixo dos dois graus”.
O estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS), identifica 41 pontos de mudanças abruptas regionais no oceano, no gelo marinho, nos níveis de neve, no permafrost e na biosfera terrestre. Muitos destes eventos ocorreriam em um ambiente com temperaturas abaixo do limite dos 2 °C.
Graças a esta pesquisa foram detectadas prováveis mudanças abruptas nos padrões de circulação dos oceanos e mudanças na vegetação e na produtividade marinha, mas não se pode assegurar que o impacto será registrado em apenas uma região, porque as alterações podem ter consequências em diversas regiões simultaneamente. Vários modelos estudados apresentam mudanças abruptas no gelo marinho, na Floresta Amazônica, no permafrost da tundra e nos níveis de neve no Tibet.
Victor Brovkin, pesquisador do Instituto Max Planck de Meteorologia (MPI-M) e coautor do estudo, indica que as mudanças abruptas no clima poderiam ocorrer como uma cascata de diferentes fenômenos. “Por exemplo, o colapso do permafrost no Ártico é seguido por um rápido aumento da área ocupada pela floresta. Este tipo de efeito dominó deve ter efeitos não só para os sistemas naturais, mas também para a sociedade”.
Por sua vez, Martín Claussen, diretor do MPI-M e coautor do estudo, explicou que as mudanças abruptas ocorrerão longe das áreas urbanas e, portanto, não serão tão evidentes para todos, mas a ocorrência destes fenômenos podem ter implicações inclusive em regiões localizadas a grandes distâncias. “Nosso trabalho é um ponto de partida. Agora precisamos olhar com profundidade os mecanismos dos pontos de inflexão e fazer uma aproximação para diagnosticar estes eventos na próxima rodada de simulações com modelos climáticos para o IPCC”, destacou o pesquisador.
As mudanças climáticas e seus impactos nos países é um dos principais temas de estudo dos profissionais que optam pelos mestrados e especializações na Área Ambiental da FUNIBER.
Fonte: http://fnbr.es/1oc
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