A doença de Alzheimer é uma doença que afecta milhões de pessoas em todo o mundo e a sua prevalência continua a aumentar. Em 2024, estima-se que 6,9 milhões de pessoas com mais de 65 anos nos Estados Unidos viveram com a doença de Alzheimer, e prevê-se que este número aumente para 13,8 milhões em 2060. Dada a falta de uma cura e o impacto económico e social que acarreta, é fundamental encontrar formas de prevenir ou atrasar o seu aparecimento.
A este respeito, um estudo recente publicado na revista Alzheimer’s & Dementia, intitulado «Associations of semaglutide with first-time diagnosis of Alzheimer’s disease in patients with type 2 diabetes: Target trial emulation using nationwide real-world data in the US», investigou o potencial de um medicamento chamado semaglutide, utilizado no tratamento da diabetes de tipo 2, para reduzir o risco de desenvolvimento da doença de Alzheimer em doentes de alto risco.
Semaglutide e o seu potencial para a prevenção da doença de Alzheimer
O semaglutido, um medicamento aprovado pela FDA para a diabetes de tipo 2 e para a perda de peso, pode ser uma opção promissora para reduzir o risco de desenvolver a doença de Alzheimer. Tanto a diabetes tipo 2 como a obesidade são fatores de risco significativos e modificáveis para a doença de Alzheimer. Além disso, o semaglutido demonstrou benefícios na gestão de outros problemas de saúde, como os fatores cardiovasculares, o consumo de álcool, o tabagismo e a depressão, que também estão relacionados com o risco de doença de Alzheimer. Por conseguinte, o estudo coloca a hipótese de que o semaglutido pode reduzir o risco de desenvolvimento da doença de Alzheimer em doentes de alto risco, ao abordar estes fatores de risco.
Como foi realizado o estudo?
Foi realizado um estudo de emulação clínica que comparou a utilização do semaglutido com outros medicamentos antidiabéticos em doentes diabéticos dos EUA sem um diagnóstico prévio de doença de Alzheimer. O estudo incluiu doentes com mais de 60 anos de idade, com e sem obesidade, que não tinham utilizado qualquer medicamento anti-diabético nos últimos 6 meses; os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos. Foram testadas duas estratégias de tratamento diferentes: a um grupo foi administrado semaglutide e ao outro grupo foram administrados outros medicamentos antidiabéticos.
Resultados importantes do estudo
Os resultados do estudo mostraram que o semaglutide, em comparação com outros medicamentos como a insulina, apresentou um menor risco de diagnóstico da doença de Alzheimer e de prescrição de medicação relacionada. Estes resultados foram consistentes em doentes de diferentes idades, gêneros e níveis de obesidade. Além disso, observou-se que os efeitos protetores do semaglutide começaram nos primeiros 30 dias e mantiveram-se ao longo do tempo.
Estes resultados são consistentes com investigações anteriores que sugerem que medicamentos como o semaglutide têm o potencial de atrasar ou retardar o desenvolvimento da doença de Alzheimer em doentes diabéticos, protegendo a função cognitiva. Estudos pré-clínicos mostraram também que o semaglutide pode reduzir a neurotoxicidade e melhorar a função cerebral. Por conseguinte, o estudo considera que o semaglutido pode ter o potencial de atrasar ou prevenir o desenvolvimento da doença de Alzheimer, ao abordar estes fatores de risco modificáveis.
Além disso, o estudo concluiu que o semaglutide teve um efeito mais pronunciado na redução dos diagnósticos de Alzheimer nas mulheres do que nos homens. No entanto, é necessária mais investigação para compreender melhor estas diferenças e os possíveis mecanismos subjacentes. Esta linha de investigação poderá transformar as estratégias de prevenção e tratamento, beneficiando milhões de pessoas em risco.
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