Médicos espanhóis realizaram com sucesso uma operação cerebral de paciente sem abrir o crânio
Fabiola tem 66 anos, desde os 25 desenvolveu uma doença que lhe gerou um tremor essencial nos braços e nas mãos, lhe impedindo de manipular objetos. Para ela foi difícil, por mais de 40 anos, inclusive tomar um copo de água. Porém, a tecnologia avançou muito nas últimas décadas e recentemente neurocirurgiões espanhóis conseguiram eliminar o tremor de seus braços ao realizar uma intervenção em seu cérebro aplicando ultrassons focalizados de alta intensidade, apoiados por uma equipe de ressonância magnética de 3 Teslas.
Para a paciente não foi fácil viver com esta condição. Depois de aparecerem os primeiros sintomas da doença congênita que sofreu, teve que abandonar sua carreira como enfermeira, porque não podia aplicar injeções aos pacientes e a manipulação de objetos se tornou cada vez mais difícil. Ao deixar seu trabalho e sentir que suas capacidades eram cada vez mais limitadas, Fabiola caiu em uma profunda depressão, enquanto, com o passar do tempo, os remédios que tomava davam cada vez menos resultados. Nesse cenário, a única alternativa possível para ela seria submeter-se a uma intervenção cirúrgica na qual seria necessário inserir uma sonda no cérebro para chegar até ao tecido prejudicado.
Novo método
Foi oferecida a Fabiola a oportunidade de utilizar uma nova técnica não invasiva para tratar sua doença e ela decidiu apostar neste novo método. Jordi Rumiá, membro da equipe Resofus Alomar em Barcelona, explica que em Fabiola foi aplicado uma talamotomia, uma intervenção direta sobre o tálamo, aplicando ultrassons focalizados, com a ajuda de uma equipe de ressonância magnética, realizando com sucesso a intervenção sem ter a necessidade de abrir o crânio da paciente.
A operação foi realizada com a paciente acordada. Aplicou-se o tratamento com ultrassom enquanto ela fazia provas de desenho, e em cada aplicação seus traços melhoravam e continuou-se com a intervenção por mais de duas horas, até culminar, quando Fabiola pôde realizar a prova de desenho sem alterações. Ao finalizar o procedimento, foi pedido para que Fabiola levantasse o braço direito e ela foi capaz de realizar o movimento sem experimentar nenhum tremor. As lágrimas brotaram e correram pelas bochechas da Fabiola, em um instante recuperava sua liberdade, depois de ter estado por muitos anos atada por seu próprio corpo.
Este novo método poderia ajudar, em médio prazo, no tratamento de pacientes que sofrem de doenças como epilepsia, Alzheimer, Parkinson ou tumores cerebrais. De acordo com o jornal digital 20 Minutos, esta é a terceira operação desta classe realizada no mundo, havendo-se realizado operações similares, de forma experimental, apenas nos Estados Unidos e na Suíça.
Fonte: 20 Minutos
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