A professora Priscila Dias comenta como adaptou a metodologia Círculos Narrativos para contemplar os estudantes que se sentem marginalizados na cultura escolar.
A professora Priscila Dias trabalha numa escola pública de periferia, no Brasil. A escola poderia, segundo ela, ser considerada uma das mais problemáticas. “Justamente por ser um espaço que concentra todas as mazelas do abandono da educação e por (des)atender a um público majoritariamente afroascendente e de famílias migrantes, aquela escola foi o ambiente ideal para realizar uma experiência crucial”, explica.
Com a metodologia de ‘Círculos Narrativos’, a professora buscou reconstruir as narrativas orais e escritas no espaço escolar. “É um convite para que os estudantes, pensando criticamente sobre a escola, assumam o lugar de sujeitos críticos e coautores dos próprios processos de ensino-aprendizagem”, afirma.
Nesta metodologia, usada também na área de mediação e resolução de conflitos, a comunicação tem um papel fundamental, e ajuda a entender como se estabelecem as relações dentro dos diversos sistemas que estamos inseridos.
Com os diálogos permitidos na aula, a professora diz que percebeu a insatisfação dos alunos com a escola e os professores, a tensão com as regras e as tarefas escolares que para eles perdem sentido. Esse trabalho também foi feito com as famílias, integrando assim as expectativas e as frustrações com o ambiente escolar.
“As falas de uns e outros abrigam o desejo de que a escola fosse o contrário do que tem sido: um espaço de encontro, reconhecimento e troca verdadeiros, não de segregação e humilhação; um lugar de criação e expansão das pessoas, não um cenário de opressão e mutilação cultural”, diz.
O relato da professora pode ser lido no livro digital “Criatividade: Mudar a Educação, Transformar o Mundo”, organizado pelo programa Escolas Transformadoras, iniciativa da Ashoka e do Instituto Alana. O livro, em português, pode ser baixado gratuitamente.
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Fonte: Contra racismo, professora usa método que valoriza voz ativa do aluno
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