Para garantir um desenvolvimento multicultural na América Latina, é importante revisar os sistemas educativos de educação bilíngue indígena
Estudos vêm alertando para o desaparecimento de diversas línguas neste século. Na América Latina, povos indígenas lutam para manter sua língua nativa, mas estima-se que uma em cada cinco comunidades já não usam o próprio idioma.
Segundo o relatório “Latinoamérica indígena del siglo XXI”, elaborado pelo Banco Mundial, apesar da escola chegar às comunidades indígenas, persistem ainda muitos problemas relacionados à escola formal no que se refere à educação indígena.
Em parte, a qualidade do ensino faz com que muitos pais optem por levar as crianças indígenas às cidades. Por outro lado, os idiomas oficiais, espanhol ou português, dependendo da região, imperam e dificultam que os povos indígenas continuem falando na própria língua.
Segundo o estudo do Banco Mundial, quanto mais educação formal recebe uma comunidade indígena, menos possibilidades terão seus moradores de continuar usando a língua nativa. O estudo indica que apenas 2% dos indígenas que terminam a educação terciária mantêm o conhecimento sobre o idioma materno.
Desta maneira, o relatório destaca que a oferta educativa não melhora as oportunidades laborais, e ameaça à diversidade linguística. A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) também elaborou um estudo para analisar a educação intercultural e bilíngue nos sistemas educativos latino-americanos.
Segundo este estudo, há uma negação histórica, que começou a mudar a partir dos anos 90 do século passado, das línguas indígenas. Não faz muito tempo que a região começou a desenhar políticas educativas que reconheçam a diversidade indígena e afrodescendente latino-americana.
Falta sistematizar a educação bilíngue, aumentando a oferta de escolas e professores capacitados. Por exemplo, no Peru, apenas 38% das crianças indígenas vão às classes no idioma nativo, e menos da metade dos professores que lecionam nestas aulas falam o idioma. No Brasil, embora 90% dos professores das escolas bilíngues indígenas falam a língua nativa, porém apenas 13% têm estudos universitários.
Sem dúvida, como destacam o Banco Mundial e o CEPAL, é necessário repensar as escolas para os indígenas, e saber se estes sistemas educativos contribuem para o desenvolvimento multicultural da região.
A FUNIBER patrocina estudos para a formação de professores. Um exemplo é o Mestrado em Educação, um programa à distância que facilita os estudos continuados.
Fonte: Educar a los indígenas en su propia lengua
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