A comunicação que não vem das palavras

Especialista em comunicação não verbal sugere que os professores deveriam pensar a forma em que ensinam através de outras mensagens como são as condutas e as expressões, além de como está organizada a sala de aula

“A comunicação não verbal é qualquer forma de transmitir uma mensagem sem palavras”, afirma o especialista em comunicação não verbal, linguagem gestual e emoções, David Matsumoto. “Pelo simples fato de observar as coisas e as pessoas, podemos obter uma grande quantidade de informação e intenções diferentes graças a este tipo de comunicação”, disse.

David Matsumoto é professor de psicologia na Universidade Estatal de São Francisco, nos Estados Unidos. Ele fundou o Laboratório de Pesquisa em Cultura e Emoções para fomentar o estudo da comunicação não-verbal, que como ele explica, representa um amplo campo de estudos.

Em entrevista para o jornal El País, o psicólogo sugere que pensar o entorno deve ser algo importante para os professores. “Há distintos tipos de ambiente, desde como são distribuídos os alunos, quais tipos de coisas põe nas paredes, qual tipo de mensagem está transmitindo com os cartazes e esse tipo de coisas”, afirma.

Ele destaca que ambientes em que os professores podem mudar, consertar certas coisas, podem ajudar a melhorar o tipo de interação que se realiza em sala de aula. Hoje em dia, ele vê que há um aumento nesta flexibilidade dos professores em fomentar espaços que propiciem diferentes tipos de interação, seja em grupo ou entre duas pessoas.

“Acredito que há grande oportunidade e mais possibilidades das que podemos imaginar que devemos ter em conta”, acredita o psicólogo em relação ao uso da comunicação não verbal para criar ambientes que fomente um tipo de educação desejado.

Outro conselho que o especialista oferece aos professores é o conhecimento sobre como se expressa durante a aula através da autogravação. Se o professor consegue ver como ele dá uma aula, como se desenvolve, ele terá maior consciência sobre os gestos, o tom de voz e outros aspectos da comunicação como professor.

David Matsumoto lembra ainda que os alunos aprendem muito a partir de como o professor atua, como lida com as emoções, seja através das palavras ou das atitudes corporais, expressões faciais, entre outros. Nesta aprendizagem observacional, eles reconstroem padrões de conduta.

Os profissionais do setor educativo interessados em desenvolver pesquisas neste âmbito podem optar pelo Doutorado em Educação, patrocinado pela FUNIBER.

Fonte:

¿Cuánto enseña un profesor sin hablar?

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