OpiniõesFUNIBER: A interculturalidade na educação em Portugal

A professora da área de Educação da rede universitária com que colabora FUNIBER, Sandra Valente, estará no Encontro de Educação, no dia 8 de junho, para falar sobre a interculturalidade na educação e a formação de professores

Formada na Escola Superior de Educação de Lisboa e com especialização em Teoria e Desenvolvimento Curricular e Mediação Escolar, a professora Sandra Valente, além de oferecer tutoria para os programas da área de Educação patrocinados pela FUNIBER, é também professora numa escola em Lisboa.

A experiência em sala de aula permitiu que a professora desenvolvesse interesse pelo tema da interculturalidade na educação, no qual vem analisando desde a perspectiva do ensino do idioma como segunda língua. Sandra Valente vem pesquisando especialmente o Português como Língua Não Materna para o doutoramento que realiza pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.

As reflexões sobre o tema poderão ser conhecidas durante o Encontro de Educação organizado pela FUNIBER em Lisboa, no próximo dia 8 de junho. Com o título “Os processos educativos como pilares decisivos da qualidade na formação profissional”, a FUNIBER espera criar um espaço de troca e conhecimento entre profissionais para ampliar a formação no campo da educação. Além da professora Sandra Valente, estarão também presentes a coordenadora do Mestrado de Educação, Andresa Sartor, que analisará o portfólio como ferramenta pedagógica, e o Dr. Gonzalo Silió, o coordenador do curso de graduação em Educação Primaria, da Universidad Europea del Atlántico, que irá apresentar a importância de se trabalhar em sala de aula a melhora e a promoção das habilidades para a vida.

Encontro de Educação FUNIBER

O evento é gratuito e aberto a todos os interessados. Porém, solicitamos que se confirme a participação através do telefone (351) 211 212 155 ou pelo e-mail portugal@funiber.org

O Encontro de Educação vai ocorrer no Instituto Português do Desporto e Juventude, situado na Rua de Moscavide, 71. Para obter mais informações, visite a página do Encontro de Educação: www.encontro-educacao.funiber.pt/

Conferência “Interculturalidade e Educação”

A professora Sandra Valente vai oferecer a conferência “Interculturalidade e Educação” em que irá abordar sobre os desafios e vantagens da diversidade cultural no aprendizado do português. Conversamos com ela para saber mais sobre a temática.

Professora Sandra Valente, como vai abordar o tema da interculturalidade relacionada à educação? Poderia nos explicar um pouco sobre esta temática?

Vivemos num mundo globalizante em que o hoje já não foi o ontem nem será o amanhã, em que todos têm o direito fundamental ao acesso à educação de modo justo e igualitário e em que cada cultura é única dentro de um mundo plural e heterogéneo. Das mudanças ocorridas nos sistemas educativos e com as exigências que se colocam à educação nas sociedades democráticas decorrem necessidades de formação dos professores cujo propósito é orientar a sua preparação para fazer face aos desafios que a realidade cultural das escolas atuais lhes coloca.

O professor tem hoje em dia, nas turmas que lhe são confiadas, uma forte diversidade cultural e para ensinar os seus alunos precisa antes de mais nada (re)conhecer a sua singularidade. Dando o exemplo das nossas escolas, o professor de Língua Não Materna tem nas suas turmas alunos de diferentes origens (chineses, ucranianos, indianos, africanos, ou afro-descendentes, entre outros), cada um tem o seu grupo de pertença, com raízes e identidades culturais diferenciadas, modos de aprendizagem e níveis de proficiência linguística diferentes e até com expetativas escolares variadas. Esta diversidade requer diferenciação pedagógica. É de salientar que esta questão é transversal a todo o ensino, a todos os níveis e disciplinas, pois a língua portuguesa é a língua de ensino.

Considerando a migração como um fenômeno constante e em crescimento em todo o mundo, como a educação voltada para a interculturalidade poderia colaborar para o convívio social e a integração dos imigrantes?

Num mundo globalizante, os professores, como agentes educativos, precisam de estar conscientes do seu papel na criação de condições para a integração destes na cultura maioritária, para isso é de extrema importância que o professor adote uma postura aberta em relação à educação multicultural e fomentá-la, introduzindo aspectos das culturas dos alunos estrangeiros na sala de aula.

Um professor que queira implementar com sucesso uma pedagogia justa, uma pedagogia intercultural, tem de trazer consigo vastos conhecimentos de base, como experiências pessoais, multiculturais e valores pessoais muito fortes.

Os professores têm um papel importantíssimo no desenvolvimento do potencial humano e na formação social do aluno enquanto individuo, sendo através de estratégias e metodologias adequadas que os docentes poderão promover o diálogo intercultural. Contribuindo assim, a prazo, para a coesão social.

Qual a importância da formação de professores para que esses profissionais possam lidar da maneira adequada com as questões de interculturalidade nas salas de aula?

A língua é um elemento de identidade, permitindo ao aluno o conhecimento de si próprio, dos falantes da sua língua e dos outros, nomeadamente, dos seus colegas que falam outras línguas. A vivência de verdadeiras experiências interculturais nas escolas e nas salas de aula depende de uma preparação dos professores que os capacite para a criação de situações pedagógicas potenciadoras dos contactos entre alunos de diferentes culturas e, portanto, de aprendizagens interculturais.

A formação de professores tem aqui um papel imprescindível na medida em que deve concertar com as escolas, ações que visem promover o conhecimento e prover os professores de novas ferramentas para dar respostas aos novos contextos multiculturais. Os professores como principais agentes educativos têm o papel principal na aquisição de aprendizagens dos seus alunos, nomeadamente nos pertencentes a grupos minoritários cujo o português não é a língua materna.

Esta diversidade requer diferenciação pedagógica. É de salientar que esta questão é transversal a todo o ensino, a todos os níveis e disciplinas, pois a língua portuguesa é a língua de ensino.