Experiências nas escolas da Espanha mostram métodos de ensino alternativos e transversais que possibilitam uma maior participação dos alunos
Na Espanha, as escolas públicas e privadas vêm adotando cada vez mais o modelo de aprendizagem por projetos, que vai ganhando mais espaço na grade curricular. Entre as atividades, a resolução de desafios e a gamificação são exemplos de métodos aplicados.
O aprendizado baseado em projetos (ABP), apesar de ser uma tendência atual, é antigo. Suas raízes estão nos trabalhos de reconhecidos psicólogos do século XX como Jean Piaget e John Dewey.
A metodologia possibilita uma maior participação dos alunos sobre o conteúdo aprendido, e fomenta habilidades sociais como a cooperação, o trabalho em equipe a escuta e a comunicação.
Na sala de aula, pode-se aplicar o método na formação de grupos que se dedicam a áreas específicas e trabalhem de maneira transversal com diversas disciplinas. Então, pode-se trabalhar um eixo temático em comum desde diversas perspectivas (históricas, científicas, literárias, artísticas).
O trabalho em grupo se converte num espaço de diálogo e decisões coletivas, em que os alunos devem aprender a dividir as tarefas de acordo com os interesses de cada um ou com a disponibilidade, a buscar fontes e editar as informações coletadas.
Colocando a teoria na prática
A coordenadora do colégio privado Liceo Europeo, em Madri, diz que na escola não há livros de texto. “São os próprios alunos que pesquisa e fazem os seus livros”, conta Esther Arama. “Com isso, consegue-se uma aprendizagem participativa, que além disso, fomenta a responsabilidade e a independência”.
Arama comenta que não há exames padrões. “Os alunos apresentam projetos, trabalhos, mapas conceituais, também alguma prova escrita, principalmente no ensino secundário, mas não como os exames tradicionais”, diz.
Já no colégio público Santo Domingo de Algete, de ensino infantil, primário e secundário, grande parte do método de ensino se baseia na preparação de vídeos, programas de rádio e jornais online. O diretor da escola, Óscar Martín Centeno, destaca também a aprendizagem por desafios. “A diferença com a aprendizagem baseado em projetos é que aqui se apresenta uma situação aos alunos e eles mesmos têm que tirar daí o desafio a resolver”, diz.
O diretor nos dá um exemplo usado na escola: “um extraterrestre, em forma de pequeno robô, chega ao colégio. A partir daí, que podemos fazer?”, indaga. Segundo Centeno, os alunos decidiram criar uma narrativa desse robô usando textos, música, contando uma história e trabalhando também a Robótica. Então foi possível tratar disciplinas como Literatura, Música, Física e Química.
A prática parece muito interessante, mas apresenta desafios. De acordo com o diretor do colégio espanhol, os professores devem se formar e estar dispostos a aplicar este método. A FUNIBER, através dos programas na área de Formação de Professores, possibilita a capacitação para que os docentes se atualizem nos métodos e novas técnicas de ensino.
Fonte: Así es el aprendizaje por proyectos que revoluciona las escuelas (El Pais)
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