No mundo do desporto, a força muscular não é apenas um atributo físico, mas um fator determinante que influencia diretamente o desempenho atlético. Desde um halterofilista que procura ultrapassar os seus limites a um futebolista que necessita de explosividade para um sprint, a força máxima desempenha um papel crucial numa vasta gama de disciplinas. Mas de que forma é que a força se relaciona especificamente com capacidades-chave como o salto? Um estudo publicado na revista Biology of Sport analisa a correlação entre a força máxima e o desempenho nos saltos, salientando as implicações práticas para treinadores e atletas.
A relação entre a força e o desempenho
A força máxima, definida como a capacidade de gerar a maior quantidade de força num único esforço, é influenciada por fatores morfológicos (como a massa muscular) e fatores neurais (como a coordenação intramuscular). Estes fatores, juntamente com aspectos biomecânicos, determinam a capacidade de gerar força, que pode ser melhorada através do treino de resistência. Estes elementos não só determinam a capacidade de gerar força, como também afetam os movimentos explosivos, como a corrida e o salto. Em desportos como o futebol, o levantamento de pesos ou o atletismo, a força é essencial para superar a resistência externa, seja ela a gravidade, um adversário ou um objeto.
A força muscular influencia diretamente o desempenho atlético, e os estudos mostram correlações positivas entre a força e capacidades como o sprint, o salto ou o levantamento de pesos. No entanto, estas correlações variam consoante o sexo, o nível de treino, a idade e o tipo de desporto dos participantes, o que dificulta comparações precisas entre estudos. Por exemplo, em atletas muito fortes, a força máxima tem menos impacto em capacidades como correr ou saltar, devido a um “efeito de saturação”. Sugere-se que a melhor relação entre a força e o desempenho nos saltos ocorre em níveis de força moderados. Isto implica que as estratégias de treino devem ser adaptadas de acordo com o nível de força e experiência do atleta.
Metodologia do estudo
O estudo intitulado «Do small samples bias the correlation between strength and jump performance? Multivariate insights into age and sex amidst strength saturation: an analysis of 1544 participants from different sports» analisa a relação entre a força relativa do agachamento e o desempenho no salto, controlando variáveis como a idade, o sexo, o tipo de desporto e o nível de desempenho. Para tal, foram recolhidos dados de 1544 estudantes de educação física, entre 2014 e 2023, que realizaram várias séries de exercícios, como exercícios de coordenação como elevações de joelho, pontapés de calcanhar, passos laterais, sprints de 30 metros com pequenas pausas, agachamentos, entre outros.
Para medir a força máxima nos agachamentos, os alunos realizaram 2 a 4 séries de aquecimento com pesos submáximos, fazendo entre 3 e 6 repetições por série. O desempenho no salto foi avaliado com um tapete de contacto, calculando a altura do salto a partir do tempo de voo.
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Resultados relevantes
Os resultados mostram que a força máxima influencia significativamente a altura do salto, explicando entre 48% e 53% da variação no desempenho. No entanto, não foram encontrados padrões claros ao segmentar os dados por estas variáveis.
A análise revelou que tanto a força absoluta como a força relativa têm uma influência semelhante no desempenho, indicando que outros fatores, como a técnica e a coordenação, também são importantes. Para além disso, em atletas com níveis de força muito elevados, a relação entre a força máxima e a performance de salto diminui, possivelmente devido a um efeito de saturação. Este facto sugere que, nestes casos, outros aspectos como a força explosiva ou a velocidade de desenvolvimento da força poderão ser mais relevantes.
Relativamente às diferenças de sexo e idade, o estudo verificou que estas variáveis têm um impacto moderado ou nulo na relação entre a força e a performance de salto. Embora tenha sido incluído um número considerável de mulheres, a maioria dos participantes eram homens, o que pode limitar a interpretação dos resultados. Também se verificou que os grupos com níveis extremos de força (muito baixa ou muito alta) tinham menos participantes, o que poderia afetar a precisão das conclusões. O estudo salienta a necessidade de mais investigação a longo prazo para confirmar estas relações e otimizar as estratégias de treino.
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