Estudo para a conclusão do Mestrado em Recursos Humanos e Gestão do Conhecimento analisa as relações entre gerações no ambiente laboral
A aluna bolsista da FUNIBER Daniele Amstalden Libardi, para finalizar o Mestrado em Recursos Humanos e Gestão do Conhecimento, titulado pela Universidade Internacional Iberoamericana (UNINI), realizou um estudo para conhecer como se percebem as relações interpessoais entre diferentes gerações no ambiente laboral. O seu estudo foi realizado no contexto em que vive, na cidade de Piracicaba (Brasil). O estudo foi orientado pelo professor Diego Kurtz.
Foram analisados dados tanto quantitativas como qualitativos através de pesquisas bibliográficas, pesquisa de campo e questionário estruturado aplicado em 650 pessoas ativas no mercado laboral, com idades compreendidas entre os 18 e os 60 anos.
A aluna, a partir de leitura bibliográfica, descreveu de modo resumido algumas tendências específicas de comportamento de acordo com cada geração:
- Geração baby boomers – Nascidos entre os anos 1946 e 1964, após a Segunda Guerra Mundial, tiveram uma educação rígida e demonstram lealdade e compromisso com a empresa. Mostram também enfoque nos resultados.
- Geração X – Nascidos entre os anos 1964 e 1978, as pessoas desta geração ingressaram no mercado de trabalho entre 1985 e o ano 2000, período marcado por fusões empresariais e processo de globalização. Estas pessoas demonstram um equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal, e para eles, a tecnologia facilita o trabalho. Esta geração valoriza o trabalho em equipe, a criatividade, a liberdade e o empreendedorismo.
- Geração Y – Nascidos entre os anos de 1981 e meados da década dos 90, as pessoas desta geração nasceram em um momento de prosperidade econômica e acompanharam os avanços da tecnologia. São pessoas seletivas, confiantes, questionadores, ansiosos e imediatistas. Além disso, apresentam uma alta consciência social e se preocupam com questões ambientais. Elas também valorizam o trabalho em equipe, querem crescer de modo rápido e esperam um feedback constante.
- Geração Z – Nascidos a partir dos anos 90, são os considerados nativos digitais. Eles representam hoje o grupo mais jovem das organizações. Estas pessoas estão em constante busca de melhorias e se entediam facilmente com as tarefas.
“Conhecer, entender e compreender as características que regem cada geração é de extrema necessidade no ambiente organizacional, a fim de auxiliar na gestão de conflitos e nas relações interpessoais, pois cada geração conserva suas raízes, suas crenças, seus ideais e leva isso consigo no dia a dia empresarial e nas relações pessoais e interpessoais dentro e fora das empresas”, argumenta Daniele Amstalden Libardi.
Trabalhando em campo
Após a coleta e análise das respostas dos questionários, a aluna identificou uma mistura de pessoas de diferentes idades, que foram agrupadas por gerações. As respostas foram também classificadas de acordo com esta variável.
“No que tange a geração Z, observa-se na pesquisa que 50% atua em empresa familiar, sendo que 40% se classificou como proprietário, podendo ter herdado o cargo do patriarca ou aberto seu próprio negócio, visto que vivenciamos a era das startups”, explica. A aluna entende que este negócio é apropriado para esses jovens que iniciam no mercado e contam com ideias inovadoras e desejo de sucesso rápido.
“Para a Geração Y que atua na mesma empresa entre 6 a 10 anos, prevalece a sua maioria (43%) em empresas públicas ou multinacionais, com 57% dos gestores pertencentes a Geração X e 43% pertencentes a geração Baby Boomers”, explica. “Na questão do relacionamento interpessoal com esses gestores, 28,5% afirmam terem problemas de relacionamento com os gestores da geração Baby Boomers, enquanto 25% afirmam terem problemas de relacionamento com os gestores da geração X”.
Nos resultados, a geração Y se mostrou mais resistente em entender e aceitar o comportamento da geração Z. “Ela se esquece que teve que passar pelos mesmos percalços de aceitação pela Geração X, e que barrar novos comportamentos impede a evolução natural do homem, da sociedade e da economia como um todo”, analisou a aluna.
A estudante analisou também os fatores mais comuns geradores de conflitos nas relações interpessoais. Segundo os dados da pesquisa, há predominância do fator “falta de prioridade no trabalho” (18%), seguido por “individualidade das pessoas por não saber trabalhar em equipe” e “impaciência dos mais jovens”, ambos com 15%.
“Desses 18% que têm a percepção da falta de prioridade no trabalho, como fator gerador de conflito, em primeiro lugar destaca-se a geração Y (42%), seguido da geração X (33%)”, comenta.
Já no que se refere à individualidade das pessoas como gerador de conflitos, destacou-se a resposta da geração Z (40%) que são consideradas pessoas individualistas natas devido ao contexto virtual em que se criaram.
Danielle conclui que “os resultados obtidos com a pesquisa de campo corroboram os conceitos levantados pelos autores, reafirmando as características de cada geração e seu comportamento nas empresas”. Sugere que para quebrar estes tipos de conflito deve haver mais espaços para o diálogo e o respeito mútuo pelas opiniões e sentimentos do outro.
A autora do estudo recomenda que se realizem novos estudos de caso com a aplicação prática em uma única empresa para poder entender de forma mais profunda como se mostram estas atitudes e comportamentos entre as gerações no ambiente de trabalho.
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