Entrevistamos Jorge Molina Beltrán, diretor do Mestrado em Engenharia de Minas que a FUNIBER começa a promover.
A extração ilegal de minérios é o eixo central da entrevista, dada a sua repercussão na atualidade.
Para a exploração dos minerais é necessário “que haja uma anomalia geológica que torne atrativa a extração do mineral”, diz Molina. Para isso, deve ser seguida uma série de normas legais, ambientais e de segurança vinculadas ao ambiente da indústria de mineração do país.
A extração de minérios, segundo o especialista, segue um processo ao longo do tempo em que se aumenta a exploração de um terreno, o que pode levar a uma ação ilegal. Atualmente, além de sofrer os efeitos do coronavírus e dos incêndios florestais na região, a população indígena da Amazônia também enfrenta a ameaça da mineração ilegal. No ano passado, vários países latino-americanos assinaram um acordo para proteger a Amazônia sob o título “Pacto de Letícia”.
Molina refere-se aos lucros e à sua facilidade de extração como alguns dos motivos dessa atividade, já que o mineral “não necessita de processamento posterior para se obter um valor sobre o qual se lucra economicamente, como é o caso do ouro que, como se sabe, pode ser obtido da lavagem, nos rios, com o uso de mercúrio”.
A contaminação por mercúrio é precisamente um dos problemas de saúde mais sérios associados à extração ilegal: “segundo dados da OMS, a exposição ao mercúrio pode causar sérios problemas de saúde e é perigosa para o desenvolvimento intrauterino e nos estágios iniciais de vida; pode ser tóxico para os sistemas nervoso, imunológico, digestivo, pele, pulmões, rins e olhos”. A doença de Minamata abarca esses sintomas de envenenamento por mercúrio.
Regular a comercialização ou limitar o material utilizado na sua extração são algumas das propostas de Molina frente ao problema.
“Assim, para o desenvolvimento da regulamentação da atividade mineradora ilegal, responsável por elevados impactos ambientais na Amazônia, somada a outras atividades como a extração ilegal de madeira, é necessário abordar o problema sob vários ângulos, como a fiscalização, proibição e controle de matérias-primas como cianeto e mercúrio, além de incentivos à formalização, como preços justos, assistência técnica e outras necessidades que irão incentivar positivamente os mineiros informais”, conclui.