A importância da ética por parte dos profissionais sanitários ao utilizar as Redes Sociais para difundir informações
São poucas as pessoas que hoje em dia não têm conta em uma ou mais rede sociais com participação frequente durante o dia, seja desde dispositivos fixos como móveis. No caso da América Latina, 82% dos usuários de internet utilizam algum tipo de rede social e, entre eles, um grande número de médicos.
Um estudo realizado em 2014 afirma que os usuários da América Latina destinam uma média de 8,67 horas por dia às redes sociais, número superior ao da Europa (8,07), da América do Norte (6,08) e da Ásia (2,47). Em âmbito mundial, o México é o país com maior alcance em Redes Sociais (98,2%), sendo o Facebook a Rede mais utilizada.
Entretanto, muitos profissionais do âmbito da saúde podem não considerar questões éticas e legais do conteúdo que publicam em seus perfis pessoais nas Redes Sociais, já que a linha entre o uso pessoal e o profissional das redes é muito tênue.
Na maioria dos países hispanofalantes, não existe nenhum tipo de regulação estipulada sobre o uso de celulares e/ou câmaras fotográficas nos hospitais e tampouco sobre os procedimentos para ter consentimento dos pacientes para compartilhar uma foto.
No México, um dos casos mais conhecidos do mau uso de Redes Sociais por parte de médicos ocorreu no ano 2012, quando a anestesista do Instituto Mexicano de Seguro Social (IMSS), Mayté Rosas Gómez, publicou em seu perfil do Facebook imagens e comentários sarcásticos de pacientes na sala de cirurgias. Em pouco tempo, foi afastada de seu cargo devido à sua atitude pouco profissional.
Apesar destes usos inadequados, para os médicos e profissionais da saúde em geral as redes sociais são uma ferramenta de grande utilidade, pois permitem às instituições de saúde, hospitais ou centros de pesquisa difundir informação, criar eventos e contribuir com dados de interesse para o público em geral. Desta forma, o cidadão pode resolver dúvidas de forma mais rápida. Plataformas como Reddit, um portal para fazer perguntas médicas, ou os blogs do Medscape permitem socializar, discutir, pedir opiniões médicas, etc.
Por exemplo, Rosário Ceballos, pediatra do Instituto de Diagnóstico e do Hospital Gutiérrez, da Argentina, comenta que “Para os médicos, as redes são uma ferramenta de grande utilidade, mas, ao mesmo tempo, são uma arma de dois gumes”, “Eu respondo perguntas pelo WhatsApp se forem pacientes que conheço bem e, principalmente, se a mãe tiver bom senso. E é bom que seja assim. As consultas irrelevantes sobrecarregam o sistema de saúde, preocupam os pais e geram longas esperas nas salas de urgências. Serve para limpar os tipos de consultas simples, e o passo seguinte é a consulta presencial, porque não se pode fazer um diagnóstico sem um exame clínico”.
Para evitar as más práticas, recentemente a Organização Médica Colegial da Espanha (OMC) publicou um Manual de Uso para Médicos e Estudantes de Medicina sobre o bom uso de Redes Sociais, que servirá como documento de referência para entidades médicas da Ibero-américa conforme destacado no VIII encontro do Fórum Ibero-americano de Entidades Médicas (FIEM).
Fontes:
- El Manual sobre el buen uso de redes sociales de la OMC, documento de referencia para entidades médicas de Iberoamérica
- Manual de estilo para médicos y estudiantes de medicina
- WhatsApp: las consultas médicas invaden las redes
- Las redes sociales en la profesión médica: aspectos éticos para un uso responsable