Uso da realidade virtual para tratar o transtorno de acumulação em idosos: um estudo piloto promissor

O transtorno de acumulação é uma dificuldade de descartar bens, resultando em um acúmulo de bagunça que torna os espaços inutilizáveis. Geralmente está associada à idade avançada, pois os sintomas são mais prováveis de ocorrer em idosos do que em pessoas mais jovens.

Em um estudo piloto recente, os pesquisadores desenvolveram uma intervenção de realidade virtual para o transtorno de acumulação em pessoas idosas, permitindo que elas pratiquem o descarte de objetos em um espaço virtual que reproduz sua casa real. Os resultados indicam que essa intervenção é viável, aceita e bem tolerada, e pode resultar em uma redução dos sintomas de acúmulo.

O transtorno de acumulação é uma condição comum e debilitante em pessoas idosas, e abordagens inovadoras de tratamento são essenciais. Muitos dos tratamentos atuais se concentram em habilidades relacionadas ao descarte e à tomada de decisões sobre bens, que podem ser praticadas na casa do paciente. No entanto, em muitos casos, as visitas domiciliares são inviáveis ou o descarte na vida real é muito difícil, devido à angústia que eles podem sentir ao se desfazerem dos objetos. É nesse ponto que a realidade virtual (RV) oferece uma solução interessante.

Como a realidade virtual ajuda a tratar o transtorno de acumulação?

A RV permite a criação de uma “casa” virtual que inclui digitalizações em 3D dos pertences reais do paciente, que podem ser reorganizados ou descartados. Em outras palavras, o paciente pode praticar o descarte virtualmente e, assim, preparar-se para o descarte na vida real. Embora a RV tenha sido usada com sucesso no tratamento de vários distúrbios, sua aplicação no transtorno de acumulação foi pouco pesquisada até o momento. No entanto, um estudo piloto recente mostrou resultados promissores.

Esse estudo consistiu em nove idosos com transtorno de acumulação que participaram de uma intervenção de RV por oito semanas em conjunto com um tratamento de grupo padrão (“Buried in Treasures”) por dezesseis semanas. Foram criadas salas de RV individualizadas que reproduziam a casa de cada paciente. Durante as sessões de RV, os pacientes praticaram a classificação e o descarte de seus pertences virtuais sob a supervisão de um profissional de saúde mental.

Resultados da pesquisa

Os resultados revelaram que a intervenção de RV era viável, e tanto a tolerabilidade quanto a utilidade percebida pelos participantes eram altas. Em quase todos os casos, os participantes indicaram que a RV os ajudou a aumentar o desperdício na vida real. Além disso, foi observada uma redução nos sintomas de acumulação relatados pelos participantes, sendo que sete dos nove apresentaram melhora acentuada e nenhum apresentou deterioração.

Esses resultados preliminares sugerem que a RV é uma maneira viável e eficaz de simular uma experiência de triagem e descarte em casa, o que poderia acelerar a aquisição das habilidades necessárias para um descarte bem-sucedido. No entanto, deve-se observar que ainda não está claro se a prática de descarte de RV oferece uma melhora mais significativa do que os tratamentos existentes. Portanto, o uso da RV nesse contexto específico merece mais pesquisas clínicas.

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Fonte: Augmenting group hoarding disorder treatment with virtual reality discarding: A pilot study in older adults