A especialista em alfabetização, a professora brasileira Magda Becker Soares, é autora do livro “Alfabetização – A questão dos Métodos”, que aborda, com um conjunto de referências de pesquisa, os fundamentos da alfabetização
“Na minha visão de linguista, pensava que a língua escrita é um sistema de representação extremamente complexo e que demanda de uma criança de 5,6,7,8 anos habilidades cognitivas muito complexas também, pois trata do entendimento de um sistema de representação bastante abstrato”, diz a doutora em didática, durante entrevista para a revista Educação.
A professora publicou um artigo em 1960 que começava a discutir esse tema a partir de uma discussão sobre o fracasso escolar. A sua pergunta que motivou a pesquisa sobre os processos de alfabetização surgiu deste questionamento: “Quantos meninos eram reprovados no primeiro ano ou evadiam, saíam da escola porque não aprendiam a ler ou escrever?”.
Ela ressalta que a alfabetização não é apenas um problema do pedagogo. É também uma questão de Psicologia e Linguística.
Ela conta sobre a questão da metodologia no processo de alfabetização: quando as pessoas conversam com ela, uma das primeiras perguntas que fazem se referem aos métodos de alfabetização. “O que você tinha de bibliografia na área de alfabetização era a defesa de um ou outro método, disputas, desentendimentos em torno de como ensinar”, relata. Nos estudos Unidos, a disputa entre os métodos era tão grande que chegou a ter um nome: Reading Wars, ou as Guerras da Leitura.
Ela destaca que a questão fundamental é pensar em como ensinar o que e para quem. “As pessoas disputam métodos, e não os fundamentos dos métodos, pois é importante vencer a guerra dos métodos, porque você vence social, cultural e comercialmente em uma sociedade. Isso é o que justifica a guerra, essa posição de que é isso ou aquilo, quando na verdade, é isso e aquilo”, conta a professora.
Ela afirma que pode haver vários métodos que funcionem ao mesmo tempo. “A ideia primeira era de que não se deve procurar um método, mas vários métodos”, diz. A autora diz que o livro deve servir para formador alfabetizadores sobre os conhecimentos e fundamentos da alfabetização: “é o que eu chamei de alfabetização com método, e não método de alfabetização”.
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Fonte: “É preciso ter vários métodos para alfabetizar”, afirma especialista
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