Professoras da FUNIBER da área de Formação de Professorado debatem sobre a importância da capacitação para a intervenção psicológica em sala de aula
Andresa Sartor é coordenadora do Mestrado em Educação da FUNIBER. Para os estudos de mestrado, ela se especializou na área da Psicologia da Educação pela Universidade de Barcelona. Já para a Doutora Lilia Stevens, professora de Formação de Professorado da FUNIBER, a psicologia foi central em seus estudos e trabalhos.
Licenciada em Psicologia Geral, Dra. Lilia Stevens é professora de Ciências da Educação e Desenvolvimento, além de pesquisadora em Orientação Psicológica e Terapia para resolução de problemas nas áreas de desenvolvimento psicológico, social e contexto educativo.
Kathilça Lopes Souza é pedagoga, com estudos na área de Educação. Ela também é professora da área de Formação de Professorado da FUNIBER.
Em ocasião do lançamento do novo Mestrado em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e na Educação patrocinado pela FUNIBER que terá início em outubro de 2016, conversamos com as professoras que nos contaram experîencias em sala de aula em que foi fundamental a orientação psicológica.
Vocês já necessitaram intervir em sala de aula para orientação psicológica?
Lilia Stevens – Sim, como professora já tive varias experiencias onde utilizei recursos de orientação psicológica para dar solução a problemas de conflitos interpessoais e de grupo nos alunos. Também problemas de convivência familiar, crises de desenvolvimento psicológico com repercussão nos processos de autoestima e aprendizagem escolar e agressividade escolar em crianças e adolescentes. Estes problemas de orientação psicológica também foram observados e tratados no ensino superior.
Andresa Sartor – Sim, a resolução de conflitos, um recurso de orientação psicológica, certamente é uma constante na vida profissional do docente. Muitas são as situações onde o professor tem a necessidade de desempenhar o papel de mediador, tanto em sala de aula como fora dela, nos mais diversos âmbitos da educação.
Kathilça Lopes Souza – A intervenção psicológica está presente em todos os momentos do processo escolar, pois é preciso compreender o universo do estudante. A relação com a aprendizagem perpassa pela autoestima, confiança, saber lidar com os erros e com os acertos, conseguir ater-se ao trabalho escolar mesmo quando está com dificuldades socioeconômicas, enfim, o trabalho docente está relacionado diretamente e diariamente com o trabalho psicológico.
Poderiam citar exemplos de intervenção psicológica na educação?
Lilia Stevens – A intervenção psicológica como processo pode ter diferentes dimensões de análises: o counseling ou aconselhamento; a orientação psicológica e o terceiro nível propriamente da analises ou terapia individual, grupal, familiar, e outros âmbitos. A minha experiencia profissional está baseada no atendimento de alunos com vivências negativas de abandono familiar, pouca o inadequada comunicação familiar, traumas e crises psicológicas infantis de relacionamento com irmãos, pais, traumas como consequência de violência doméstica extrema ou violência psicológica que afeta a sua capacidade para aprender, interpretar, relacionar-se com os outros e de convivência social.
Andresa Sartor – Um exemplo bastante comum nos dias de hoje e devido às novas características assumidas pela sociedade é que o professor seja o “árbitro” nas divergências familiares de seus estudantes. Visando sempre o bem estar do aluno a fim de que os problemas externos não influenciem negativamente no processo de aprendizagem, o professor deve desenvolver tanto sua percepção pessoal como sua sensibilidade, a fim de intervir de maneira construtiva em casos de orientação familiar.
Kathilça Lopes Souza – Existem intervenções diferentes para faixas etárias diferentes. Com as crianças as intervenções quanto às relações com os colegas e a autoconfiança são as mais recorrentes e que precisam de atenção especial do professor. Conversas individuais e coletivas, reflexões sobre os acontecimentos e busca de soluções com a participação de todos legitimam o grupo e os estudantes.
No trabalho com os adultos as questões são de naturezas diversas e cabe ao professor ter sensibilidade de identificá-las e procurar ou indicar ajuda de um profissional especializado em casos mais delicados.
Por que realizar um Mestrado em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e na Educação?
Lilia Stevens – É importante contar com um profissional capacitado na escola para atuar neste sentido como uma maneira eficaz e efectiva de prevenir os problemas de desenvolvimento psicológico nas diferentes etapas do desenvolvimento psicológico. Um profissional preparado também representa um apoio dentro da rede social e psicológica do aluno para dar as ajudas psicológicas às necessidades entanto se propicia a inclusão social dos mesmos.
Andresa Sartor – O mestrado, entre outros temas, abordará os conflitos e problemas de convivência próprios da realidade das instituições educacionais. A idéia é explorar a organização escolar como um ambiente de aplicação dos processos de resolução de conflitos e capacitar os alunos do mestrado para que possam desenvolver projetos de melhorias para a convivência na escola e aplicar estratégias de intervenção e negociação, sempre que necessário.
Kathilça Lopes Souza – Esse profissional poderá dar orientação em ações que o professor deve executar em sala de aula para ajudar no processo de adaptação ou recuperação de um estudante que precisa de um apoio maior, independente do quadro que apresenta, e de forma pontual com os estudantes, identificando as suas necessidades, orientando ou até mesmo encaminhando para acompanhamento terapêutico.
Como ressalta o Diretor Acadêmico do novo Mestrado em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e na Educação patrocinado pela FUNIBER, Dr. Juan Luís Martín, o novo programa toca dois pontos fundamentais.
No primeiro, estuda-se o Desenvolvimento, ou seja, “todas as mudanças que ocorrem na pessoa desde o nascimento até a morte (a nível intelectual, social, emocional, psicomotor, etc.) e também falamos da Educação ou de práticas educativas adaptadas ao momento de desenvolvimento que se encontre a pessoa”, afirmou.
Outro aspecto visto no Mestrado também tem uma perspectiva dupla. “Em primeiro lugar, falamos da avaliação, o que quer dizer Diagnóstico”, disse o Doutor Juan Luís Martín. Este diagnóstico é importante para detectar dificuldades psicológicas e/ou educativas que possam desenvolver a pessoa.
“Em segundo lugar, também nos referimos à Intervenção, que são todas aquelas estratégias utilizadas para tratar as dificuldades encontradas e assim, potencializar o desenvolvimento humano”, explicou.
Juan Luis é Doutor em Psicologia pela Universidad del País Vasco (Espanha). Também possui Mestrados em Saúde Mental e Técnicas Psicoterapêuticas e em Mediação Familiar. No vídeo abaixo, ele explica mais sobre o novo Mestrado: