Pesquisador norte-americano indica como nos comunicamos e compartilhamos memórias, pensamentos e sentimentos, durante conferência do TED
Uri Hasson é neurocientista especializado na pesquisa sobre a comunicação humana. Durante a conferência TED, realizada em fevereiro, o pesquisador explicou sobre os mecanismos do cérebro que nos permite compartilhar o conhecimento, as memórias e conseguir nos entender, mesmo entre idiomas diferentes.
Durante a conferência, Hasson perguntou: “Imagine que você inventou um dispositivo que pode gravar minhas memórias, meus sonhos, minhas ideias, e transmiti-los para seu cérebro. Essa seria uma tecnologia inovadora, não é mesmo?”.
A resposta é que esse mecanismo já existe e se chama sistema de comunicação humana. “Para entender o funcionamento desse dispositivo, temos de olhar dentro do cérebro”, afirmou.
O neurocientista desenvolveu um experimento no laboratório da Universidade em Princeton (Estados Unidos) em que escaneou o cérebro das pessoas enquanto elas contavam ou ouviam histórias reais. Ele explicou que quando ouvimos alguma história, nosso cérebro reage oscilando à medida que se desenvolve a narração. Analisando vários ouvintes da mesma história, Hasson percebeu que as reações cerebrais entre todos eram muito similares.
Sincronismo neural
Após experimentar diferentes formações na narração, a equipe de pesquisadores liderada por Hasson encontrou que o sincronismo neural que produz que as reações no cérebro sejam similares entre todos os ouvintes ao escutar uma história se deve ao significado das palavras ou sons (e não aos sons em si). “Acreditamos que essas reações nas áreas de alto nível são induzidas, ou se tornam semelhantes nos ouvintes, por causa do sentido do que é dito, e não por causa de palavras ou sons. Se estivermos certos, há uma forte predição aqui: se eu transmitir a mesma ideia usando dois universos de palavras muito diferentes, as reações cerebrais ainda serão muito semelhantes”, disse.
O mesmo acontece com a comunicação em outro idioma. Segundo o neurocientista, nos comunicamos porque temos um código em comum que apresenta significado. Porém, é importante ter algumas habilidades que facilitem a transmissão deste código e muitas passam pela compreensão do código em seu conceito básico. “Também depende de nossa habilidade para criar um contexto, uma compreensão, um sistema de crenças compartilhadas. Pois sabemos que, em muitos casos, as pessoas entendem a mesma história de maneiras diferentes”, explicou.
As pesquisas do neurocientista confirmam que para nos entendermos é necessário elaborar uma base comum e referentes similares. “Como sociedade, temos de nos preocupar bastante em não perder essa compatibilidade e nossa habilidade de falar com pessoas que são um pouco diferente de nós, por deixarmos alguns canais de mídias poderosos assumirem o controle, manipulando e controlando a forma como todos pensamos”, defendeu.
Para isso, o cientista defende o diálogo como possibilidade de entendimento: “uma forma mais natural de conversar, na qual falamos, mas também ouvimos, e juntos tentamos chegar a um denominador comum e novas ideias. Pois, afinal de contas, as pessoas com quem nos conectamos definem quem somos. E nosso desejo de nos ligar a outro cérebro é algo bem básico, que começa desde a mais tenra idade”, concluiu.
O projeto TED apresenta uma série de conferências com pessoas que se destacam em suas áreas e profissões. Os vídeos gravados podem ser acessados por qualquer pessoa em qualquer lugar e muitos contam com legendas feitas por colaboradores. Por isso, as conferências TED vêm tomando relevo na internet pela difusão do conhecimento.
Esta e outras conferências podem ser vistas com legendas em: http://fnbr.es/36e
Os estudos sobre os métodos de aprendizagem e ensino, a partir das condições sociais variáveis, são vistos nos cursos na área de Educação da FUNIBER.