No mês da mulher, aproveitamos a experiência esportiva da professora Ruth Beitia, campeã olímpica de salto em altura e professora na Universidade Européia do Atlântico para aprender sobre o papel da mulher no esporte.
Beitia participou de quatro Olimpíadas, conquistando duas medalhas, bronze em Londres 2012 e ouro em Rio de Janeiro 2016.
No próximo mês de maio, a FUNIBER vai começar a promover o Mestrado em Atividade Física Orientada à Mulher. Aproveitamos a oportunidade para ir mais fundo no esporte feminino.
“No esporte, as mulheres deram um passo gigantesco em relação ao século passado e tudo isso graças àquelas mulheres que trabalharam duro nos anos quarenta e cinquenta para que hoje tenhamos isso muito mais fácil. Agora nossas alunas são aquelas que, no futuro, transmitirão às novas gerações o que o atletismo, o esporte e as mulheres têm a possibilidade de ensinar educação física a um grande grupo”, diz a professora Beitia.
O que você pode nos dizer sobre o papel da mulher no esporte?
As mulheres desempenham um papel muito importante. Por exemplo, nos Jogos Olímpicos de Londres, que foram chamados de “Jogos das Mulheres” na Espanha, as mulheres sempre defenderam sua bandeira, seu país e sua equipe, assim como os homens. É por isso que eu digo para não se dirigir às mulheres como “mulheres atletas”, somente como “atletas”.
Na mesma linha, você acha que ainda há desigualdade no esporte?
Acredito que ainda existe desigualdade e também acredito que ela não é compreendida nos esportes individuais, onde é a pessoa que importa. Nadal está no tênis, mas Mirella Belmonte está na natação e Carolina Marín no badminton.
Também é verdade que nos esportes de equipe elas estão obtendo resultados melhores ou iguais aos dos homens e é aí que existe uma importante lacuna em termos de salário, imagem ou representação na mídia.
Temos que pensar que temos muita sorte de que a evolução nos permite ter nossas próprias vitrines hoje, tais como as redes sociais. E é precisamente isto que muitas vezes faz a mídia ecoar o que estamos fazendo e o que alcançamos.
Por que é importante praticar atividade física de uma forma adaptada?
É importante porque, fisiologicamente, mulheres e homens são muito diferentes, por isso é importante que haja uma atividade esportiva adaptada às mulheres.
O esporte é muito benéfico para nós, porque atravessamos duas fases muito importantes de mudança em nossas vidas que são a primeira menstruação e a menopausa. Em ambas as etapas, a educação física ajuda muito e especialmente na última, porque ajuda a fortalecer o sistema imunológico, ajuda a prevenir a osteoporose, o estresse ou a ansiedade e nos faz sair de casa, socializar e criar endorfinas.
Desta forma, nós mulheres temos que nos sentir como atletas e não permitir que essa palavra tenha gênero.
Como medalhista olímpica, que conselho você daria a uma mulher que procura alcançar um alto rendimento no esporte?
Acho que, desde o início, o principal é se divertir. O esporte proporciona muitos valores que você pode aplicar em sua vida e é necessário trabalhá-los desde a base.
No entanto, há mulheres que começam mais tarde, mas elas devem aproveitar igual, porque nunca é tarde demais. Sim, é verdade que o esporte e o treinamento de alto rendimento é difícil, então você tem que desfrutar todos os dias e se esse esporte é competitivo, você desfruta ainda mais porque é realmente a encenação de cada hora de trabalho que você dedicou à sua prática.