Assistir às Olimpíadas através da realidade virtual

As empresas de jornalismo se preparam para a realidade virtual. Nos próximos Jogos Olímpicos Rio 2016 haverá canais de TV transmitindo o evento através desta tecnologia.

O jornalismo foi responsável por levar o conhecimento de acontecimentos ocorridos em várias partes do mundo para dentro das casas. A popularização da televisão foi um marco que mudou totalmente a sociedade. Agora, a promessa de uma nova transformação social passa pela realidade virtual na prática jornalística.

Essa será sem dúvida uma das grandes tendências tecnológicas no setor das comunicações. Alguns meios já deram o pontapé inicial. Segundo a Rede Internacional de Jornalistas, IJNET, 2015 poderá ser considerado o ano em que a realidade virtual entrou nas grandes empresas de jornalismo pela primeira vez. O jornal New York Times criou a série “The Displaced” sobre a vida de três crianças refugiadas e a ABC News desenvolveu uma reportagem para mostrar partes da capital da Coréia do Norte, Pyongyang, controlado por uma ditadura.

Na Espanha, o jornal El País apresentou no dia 1º de maio deste ano uma reportagem em realidade virtual sobre a cidade de Fukushima cinco anos após o acidente nuclear. O espectador é levado ao centro da notícia com uma reportagem gravada em 360°, com infografias tridimensionais e som imersivo.

Esta nova forma de se fazer jornalismo é chamada de “jornalismo imersivo”, e promete criar uma própria linguagem que oferece a possibilidade de vivenciar os fatos diários como se o espectador estivesse presente no local, oferecendo uma perspectiva em primeira pessoa. De acordo com a professora do Mestrado em Comunicação da FUNIBER, Michelle Moreira, este realismo virtual oferece duas possibilidades, uma positiva e outra negativa.

“Podemos aprender e desenvolver habilidades com o jornalismo virtual. Como comunicadores, será possível criar uma narrativa mais completa e interativa. Como espectadores, podemos viver a notícia como uma experiência pessoal”, destaca como vantagem da nova tecnologia. A professora comenta que a transmissão da chegada do homem à lua foi um dos grandes espetáculos televisivos vividos no século passado. “Imaginem que viveremos algo similar, mas agora com óculos de realidade virtual”, comenta.

Os acontecimentos esportivos também serão narrados através destas plataformas. Em pouco dias, poderemos assistir parte das Olimpíadas no Rio de Janeiro transmitidas através da realidade virtual. A rede americana de televisão NBC anunciou que vai transmitir 85 horas de Jogos Olímpicos com a nova tecnologia.

Porém, Michelle Moreira lembra que o uso dos óculos poderia ocasionar o aumento da chamada “banalização do real”. “Na sociedade do espetáculo, ideia desenvolvida pelo pensador francês Guy Debord, a realidade se transforma em entretenimento e os fatos, em mercadorias de consumo”, diz. “O resultado poderia ser a saturação da informação e a insensibilidade real dos espectadores diante da experiência virtual”.

A tecnologia para VR

O desenvolvimento da tecnologia é a chave para que muitos possam se aderir à nova plataforma. A proliferação de óculos de realidade virtual (VR, sigla em inglês) como Samsung Gear VR, Oculus Rift, Google Cardboard ou HTC Vive Laketno MRV oferecem as primeiras opções. No mercado latino-americano, a startup brasileira Beenoculus apresentou no salão tecnológico CES, do ano passado, óculos produzidos no Brasil. A empresa apresenta uma versão mais econômica do acessório.

Entre as empresas de jornalismo, o New York Times desenvolveu um aplicativo para assistir a reportagens em VR em telefones com sistema iPhone ou Android.  De acordo com o site, tudo o que se necessita é um aparelho smartphone: “Experimente a vida através dos olhos de um refugiado ou explore mundos desconhecidos. Experimente estórias narradas por jornalistas premiados, tudo de maneira imersiva, numa experiência de vídeo em 360°”, anunciam.

Para aqueles que queiram produzir a notícia, serão necessárias ferramentas para poder gravar em 360° e um microfone que garanta a qualidade do áudio. Segundo a professora da FUNIBER, o desenvolvimento de tecnologias vai possibilitar cada vez mais que todos possam fazer notícias. “Com uma câmera compacta, lentes panorâmicas e um bom microfone será possível narrar as próprias experiências em realidade virtual e comparti-las nas redes sociais e canais como Youtube”, afirma.

A formação e capacitação será um diferencial. Aprender as técnicas de narrar e produzir notícias de maneira multimídia, junto com a capacidade de interpretar e analisar os fatos, será importante neste universo virtual.

Fontes: http://fnbr.es/35chttp://fnbr.es/35mhttp://fnbr.es/35n

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