A geleira Perito Moreno, uma das mais icônicas da América do Sul, está passando por um recuo alarmante e irreversível. Localizada no Parque Nacional Los Glaciares, na Patagônia argentina, essa gigante de gelo perdeu cerca de 2.000 metros de sua margem nos últimos sete anos, segundo alertam os cientistas. Este fenómeno, atribuído às alterações climáticas, põe em risco não só o equilíbrio ecológico da região, mas também o seu atrativo turístico e o seu valor como indicador climático global.
O recuo do glaciar: um processo acelerado
Desde 2018, o Perito Moreno deixou de estar em equilíbrio, um estado que mantinha há pelo menos um século. Esse equilíbrio significava que a quantidade de gelo acumulada anualmente era igual à que derretia. No entanto, os especialistas observaram que agora a geleira perde mais massa do que ganha, uma mudança que consideram irreversível. As temperaturas mais quentes, provocadas pelas mudanças climáticas, aceleraram o derretimento e geraram um aumento da água na base da geleira, o que contribui para seu afinamento e deslocamento.
A geleira, que avança em direção ao Lago Argentino a uma velocidade de aproximadamente dois metros por dia em sua zona central, tem mostrado sinais evidentes desse recuo. As paredes frontais, que se elevam mais de 60 metros acima do nível da água, estão perdendo altura rapidamente, com um emagrecimento médio de oito metros por ano nessa área.

O impacto das mudanças climáticas nas geleiras
O Perito Moreno não é um caso isolado. Mais de 16.000 corpos de gelo na Argentina estão sendo afetados pelo aumento das temperaturas globais. No entanto, os glaciares que terminam em corpos de água, como o Perito Moreno, apresentam um comportamento particular. Segundo os cientistas, quando a relação entre a espessura do gelo e a profundidade do lago ultrapassa um certo limite, o glaciar não pode fazer outra coisa senão recuar.
Este fenómeno não afeta apenas a estabilidade do glaciar, mas também a sua capacidade de gerar espetáculos naturais únicos, como as rupturas cíclicas que costumavam ocorrer a cada dois ou três anos. Estes eventos, que atraíam milhares de turistas, estão a tornar-se cada vez mais improváveis devido ao enfraquecimento da estrutura do glaciar.
Um apelo à ação
O recuo do Perito Moreno é um lembrete contundente dos efeitos das mudanças climáticas nos ecossistemas glaciares. A comunidade científica apontou que esse fenômeno é irreversível nas condições atuais, mas ainda é possível mitigar seus impactos por meio de políticas ambientais mais rigorosas e uma redução significativa das emissões de gases de efeito estufa.
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