Pesquisadores analisam dados de estação meteorológica nos Pirineus, montanhas francesas, e detecta grande quantidade de microplástico
As notícias nos mostram frequentemente sobre as condições dos oceanos, e já se sabe com certeza sobre a saturação dos plásticos nas águas marinhas. Mas um estudo recente mostra que os plásticos são transportados pelos ventos, e podem chegar até mesmo nas cordilheiras e vales.
Segundo este estudo, publicado na revista Nature Geoscience, pontos remotos dos Pirineus, região montanhosa situada entre a França e a Espanha, pode ter a mesma concentração de microplásticos que a capital francesa, Paris. Provavelmente, os plásticos chegam através do clima: ventos, chuvas e neves movem as partículas levando-as a todo os rincões do planeta.
A estação meteorológica de Bernadouze, situada a 1.425 metros de altura, e distante 25 quilômetros do povoado mais próximo, na parte francesa dos Pirineus, permitiu coletar dados sobre a quantidade de plástico que caía no solo, durante cinco meses, entre 2017 e 2018. Os resultados mostram que em média, cada dia, chegam 365 partículas por metro quadrado.
Entre os autores, a pesquisadora Deonie Allen, do Laboratório de Ecologia Funcional e Meio Ambiente, afirmou que esta quantidade é similar a valores encontrados em Paris.
Os dados coletados pela estação mostram também que há plástico de todos os tipos: desde fragmentos, fibras e os mais comuns, usados em sacos plásticos. O poliestireno e o polietileno foram os tipos de plásticos mais encontrados, e as fibras de poliprolipeno, usadas mais frequentemente pela indústria têxtil.
O co-autor do estudo, Steve Allen, da Universidade Strathclyde, do Reino Unido, acredita que estas partículas chegaram até as montanhas transportadas pelo vento.
Qual a distância máxima pode percorrer o plástico no ar?
“É evidente que as condições meteorológicas desempenham um papel: os microplásticos provavelmente são transportados nos momentos de maior vento e caem quando a corrente diminui. Além disso, a neve e a chuva podem provocar um arrasto que aumenta a deposição”, afirmou o especialista Rachid Dris, cientista da Universidade Paris-Est, que apesar de não ter vínculo com o estudo, é especializado em pesquisas com microplásticos em ambientes urbanos.
Não se sabe quanto pode mover-se o microplástico no ar, mas pesquisadores indicam que este poderia ser a questão para o próximo estudo.
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Fonte:
Os microplásticos também chegaram às montanhas
Estudo:
Atmospheric transport and deposition of microplastics in a remote mountain catchment