Caravelas-portuguesas e águas-vivas invadem o mar Mediterrâneo

Aumento de caravelas-portuguesas e águas-vivas no mar Mediterrâneo alerta sobre estado dos oceanos, e preocupa banhistas das costas espanholas

O mar Mediterrâneo vem recebendo, nos últimos anos, uma grande quantidade de águas-vivas. Recentemente, diversas praias do litoral espanhol já alertaram sobre a presença das caravelas-portuguesas (Physalia physalis), uma espécie comum do Atlântico subtropical similar às águas-vivas.

Com os ventos fortes entre os meses de fevereiro e abril, as caravelas-portuguesas se deslocam e entram no Mediterrâneo. Mas este animal – que em verdade é uma colônia formada por muitos animais relacionados – está acostumado a águas frias, e com o calor que se aproxima na região, provavelmente não conseguirá sobreviver.

Como tem formas de caravelas, conseguem mover-se com o vento, e na falta dele, fica dando voltas entre diversas costas mediterrâneas. Na Espanha, a Direção Geral de Pesca de Mallorca, junto com outros órgãos estatais, formaram um grupo de trabalho para acompanhar e estudar as caravelas-portuguesas nas costas espanholas. Os pesquisadores esperam compreender as razões das migrações destes animais, a sobrevivência e possíveis efeitos para o ambiente local.

Também foram vistas algumas águas-vivas luminescentes (Pelagia noctiluca) em diversas praias espanholas, neste caso, movidas pelas correntes marítimas. Esta água-viva possui uma forte queimadura, que pode provocar dores intensas.

Segundo o diretor do Instituto de Pesquisas em Meio Ambiente e Ciência Marinha da Universidade Católica de Valência (Imedmar), José Tena, “temos que ter consciência de que estamos influenciando nas mudanças que estão sofrendo os oceanos”, explicou.

Para o pesquisador, a presença das águas-vivas no litoral Mediterrâneo indica que fatores como o clima e o aumento de contaminação estão afetando os mares.

Rede para águas-vivas

As águas-vivas podem causar queimaduras em contato com a pele, e em alguns casos podem provocar reações alérgicas fortes e fatais. Para prevenir o contato delas com os banhistas, o Conselho de Emprego, Universidades, Empresa e Meio Ambiente, da região de Murcia, na Espanha, aprovou uma medida para a instalação de redes ao longo de 43 quilômetros próximo ao Mar Menor, o maior lago de água salgada da Europa.

Para esta medida, o governo prevê um gasto de 500 mil euros. A instalação da rede está prevista para a próxima segunda-feira, dia 4 de junho, e sua desmontagem, para a primeira quinzena de outubro.

De acordo com Antonio Luengo, diretor geral de Meio Ambiente e Mar Menor, espera-se com a rede uma recuperação da zona, que contará com a supervisão de especialistas e técnicos “que garantam o equilíbrio e a compatibilidade entre a regeneração do espaço natural e o uso por parte dos banhistas”, explicou.

Os profissionais da área de Meio Ambiente interessado na gestão dos espaços naturais podem capacitar-se com os cursos patrocinados pela FUNIBER neste setor, como o Mestrado em Ciência e Tecnologia Marinha.

Fontes:

“La carabela portuguesa sobrevivirá en el Mediterráneo mientras el agua este fría”

La llegada de medusas más peligrosas amenaza las playas

Mar menor se blinda red 43 kilometros

Foto: Alguns direitos reservados por Anna Hesser