No campo da gerontologia, a prevenção de quedas em adultos mais velhos é uma questão crítica que pode fazer a diferença entre uma vida ativa e uma vida com limitações. Um estudo longitudinal recente publicado na revista BMC Geriatrics esclarece como as avaliações do equilíbrio postural podem ser ferramentas preditivas essenciais para a prevenção de quedas em adultos mais velhos na prática clínica.
A importância do equilíbrio postural
O equilíbrio postural é essencial para realizar as atividades diárias em segurança, uma vez que implica manter o corpo estável contra forças internas e externas, tanto em repouso como em movimento. No entanto, o envelhecimento deteriora este equilíbrio devido a alterações fisiológicas que afetam a interação entre os sistemas neural e músculo-esquelético, o que aumenta a oscilação do corpo. Este facto é preocupante, uma vez que cerca de 30% das pessoas com mais de 65 anos sofrem quedas anualmente, com consequências físicas, sociais e psicológicas para elas e para as suas famílias. Por conseguinte, a avaliação do equilíbrio nos idosos é crucial para identificar as pessoas em risco e prevenir as quedas.
Embora as quedas sejam multifatoriais, o aumento da oscilação corporal está frequentemente associado a um equilíbrio mais fraco e a um maior risco de quedas. O equilíbrio perde-se quando o centro de massa excede a base de apoio. Manter a posição de uma perna só durante mais de 21 segundos é um sinal de bom equilíbrio. A estabilometria, uma plataforma de força, é normalmente utilizada para avaliar o equilíbrio, mas nem sempre está disponível em contextos clínicos. Em vez disso, é utilizado o teste de equilíbrio em 4 fases, que avalia a capacidade de manter quatro posturas diferentes durante 10 segundos. Mas o limite de 10 segundos pode não ser suficiente para detetar desequilíbrios subtis, que requerem intervenções precoces.
Como foi realizado o estudo?
O estudo intitulado «Standing balance test for fall prediction in older adults: a 6-month longitudinal study» teve como objetivo comparar a deslocação do corpo e o tempo de permanência nas quatro posturas de equilíbrio em idosos e analisar a relação entre o desempenho nestes testes e a previsão de quedas aos seis meses. Incluiu 153 idosos com idades compreendidas entre os 60 e os 89 anos que viviam de forma independente. Utilizando uma plataforma de força, foram avaliadas as deslocações do centro de pressão (CoP) e o tempo durante o qual os participantes conseguiam manter quatro posições de equilíbrio: postura de duas pernas, semi-tandem, tandem e de uma perna só. Cada postura foi avaliada com um limite máximo de 30 segundos.

Resultados relevantes
Os resultados mostram que à medida que a base de apoio é reduzida (de duas pernas para semi-tandem, tandem e uma perna), a oscilação do corpo aumenta, sendo mais pronunciada na postura de uma perna, que requer mais controle muscular e neurológico. O estudo revelou diferenças na oscilação do corpo e no tempo de manutenção da postura de acordo com o género. Os homens mostraram maior oscilação, mas conseguiram manter as posturas em tandem e de uma perna só durante mais tempo do que as mulheres. Além disso, as posturas com bases de apoio mais estreitas, como as posturas em tandem e com uma só perna, desafiam mais a estabilidade mediolateral, realçando a importância dos músculos da anca na manutenção do equilíbrio.
Em termos de duração da postura, os idosos que não tinham caído mantiveram a postura de uma perna só durante uma média de 17,2 segundos, enquanto os que caíram mantiveram a postura de uma perna só durante 10,4 segundos. Os resultados sugerem que um limite de tempo de 23 segundos para estes testes pode ser mais adequado para detetar desequilíbrios subtis do que um limite de tempo de 10 segundos. Além disso, a amplitude do balanço mediolateral e o tempo de permanência nas posturas em tandem e unipodal foram associados à previsão de quedas num período de seis meses.
Implicações para a prática clínica
Na prática clínica, onde muitas vezes apenas o tempo de postura é registado, os investigadores sugerem que as posturas de duas pernas e semi-tandem podem ser utilizadas indistintamente. No entanto, para detetar sinais precoces de desequilíbrio, recomendam que se estabeleça um limite de tempo de pelo menos 23 segundos nos testes de equilíbrio, uma vez que 10 segundos não são suficientes para identificar défices subtis.
Este estudo realça a importância dos testes de equilíbrio como ferramenta preditiva e preventiva no tratamento de adultos mais velhos. Estes resultados fornecem uma base sólida para melhorar as avaliações clínicas e conceber intervenções mais eficazes. A incorporação destas práticas pode não só reduzir o risco de quedas, mas também melhorar a qualidade de vida dos idosos, promovendo a sua independência e bem-estar.
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Fonte: Standing balance test for fall prediction in older adults: a 6-month longitudinal study