Aprender uma língua através da interculturalidade

A Dra. Lidia Cámara, que recentemente deu uma conferência na Universidade Europeia do Atlântico, explica em conferência TEDx a importância da interculturalidade para combater a xenofobia

A Alemanha vinha recebendo imigrantes sem impor muitas restrições. Com a avalanche de refugiados que chegaram recentemente provenientes de países como a Síria e o Afeganistão, a questão da imigração volta a ser elemento-chave de integração social e novos ataques de xenofobia aparecem.

Como ressalta a doutora em Linguística e professora da Universidade Humboldt (Alemanha), Lidia Cámara, durante conferência TEDx em Valladolid (Espanha), cada vez há mais detratores da poítica de receber imigrantes. Porém, Lidia Cámara lembra que a metade destas pessoas que fogem de seus países são menores de idade, segundo dados da UNESCO.

Um dos elementos-chave para o processo de integração destes refugiados é o aprendizado do idioma alemão. Como linguista, ela destaca que não somente para os refugiados, senão para todos os imigrantes de maneira geral.

Assim como a língua ajuda à integração social, ela também pode servir como meio de exclusão social. “Se por exemplo, tem uma competência linguística pobre, ou uma entonação estrangeira, ou um dialeto determinado de uma região”, até mesmo deficiências na linguagem oral como a gagueira, estes aspectos “influenciam em como as pessoas vão te aceitar ou vão te marginalizar na sociedade”, afirma.

Na Alemanha, há centros que ensinam gratuitamente a língua alemã. Nestes centros, falta a presença de meninas refugiadas. A professora Lidia Cámara, interessada em atuar socialmente para a integração deste coletivo, criou junto a outros especialistas o projeto HalloFoto!, para desenvolver as competências comunicativas e criativas destas adolescentes em um espaço de interação e interculturalidade.

Como metodologia, usaram as tabelas de comunicação aumentativa que ajudam as pessoas que não têm a linguagem oral desenvolvida. As tabelas estão compostas por pictogramas e um vocabulário formado por palavras mais repetidas na língua, de forma espontânea.

Mas como destaca a Dra. Lidia Cámara, o mais importante da ação foi reunir a interculturalidade de maneira lúdica, sem ressaltar as diferenças, através de atividades como a produção de fotografias, ou excursões.

O projeto se destacou na imprensa local por oferecer saídas às correntes xenófobas que vêm crescendo no país e a equipe resolveu criar uma licença Creative Commons para que todos possam replicar o projeto em outras regiões do país, ou do mundo.

Novas formas de se comunicar e interagir podem romper estereótipos e construir pontes. O projeto “também conseguiu desenvolver identidades transformadas, poderosas e interculturais, e estas identidades não estão baseados no consenso, e sim, no respeito mútuo”, diz a linguista.

Veja a conferência completa em:

 

Nota: A Universidade Europeia do Atlântico forma parte da Rede Universitária com que colabora FUNIBER

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