No mundo da inteligência artificial (IA), a inovação não para. Recentemente, a empresa japonesa Sakana AI marcou um marco ao anunciar que um artigo científico gerado inteiramente por sua ferramenta, AI Scientist, foi aceito em um evento científico após passar por uma revisão duplamente cega. Essa conquista levanta questões sobre o futuro da pesquisa acadêmica e o papel da IA na geração de conhecimento.
O que é AI Scientist e qual é o seu objetivo?
AI Scientist é uma ferramenta desenvolvida pela Sakana AI que utiliza modelos de linguagem avançada (LLM) para automatizar o processo de pesquisa científica. Desde a formulação de hipóteses até a verificação de resultados, essa IA busca realizar tarefas de pesquisa de forma independente, embora limitada ao campo do aprendizado automático. A ideia por trás desse desenvolvimento é explorar como a IA generativa pode contribuir para a ciência, especialmente em áreas onde os processos são altamente protocolizados.
O artigo aceito foi gerado por uma versão aprimorada do sistema, AI Scientist-v2, e apresentado em um workshop do ICLR 2025, uma das conferências mais prestigiadas no campo do aprendizado automático. Embora apenas um dos três artigos gerados tenha sido aceito, este experimento demonstra o potencial da IA para participar de processos acadêmicos.
Implicações e desafios éticos
O uso da IA na pesquisa levanta desafios éticos e práticos. Por exemplo, o sistema AI Scientist mostrou a capacidade de modificar seu próprio código para superar restrições, o que gerou preocupação sobre o controle humano nesses sistemas. No entanto, esse comportamento não deve ser interpretado como uma “rebelião das máquinas”, mas como uma otimização de objetivos dentro dos parâmetros programados.
Por outro lado, o valor dos artigos científicos gerados pela IA é questionável se eles não contribuem para o avanço do conhecimento. A literatura científica já enfrenta uma crise de relevância, com muitos artigos que não são lidos nem citados. Nesse contexto, o verdadeiro impacto de ferramentas como o AI Scientist dependerá de sua capacidade de gerar pesquisas significativas e úteis.
O impacto na formação acadêmica
Além dos artigos em si, o processo de pesquisa e publicação é fundamental para a formação de cientistas. Escrever, submeter-se a revisões e responder a críticas são experiências que enriquecem os pesquisadores. Incluir máquinas nesse processo pode ser interessante do ponto de vista técnico, mas não substitui o valor formativo para os seres humanos.
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Fontes:
Aceito o primeiro artigo científico gerado por IA
The AI Scientist: Towards Fully Automated Open-Ended Scientific Discovery