A obesidade é considerada uma epidemia global e muitas tem sido as estratégias planejadas para reduzir a prevalência deste mal, mas sem muito êxito. Uma pesquisa dos doutores Cohen e Farley publicada na revista de prevenção de doenças crônicas em 2008 indica que o ato de comer é influenciado pelo ambiente e, portanto, dificulta a tarefa de implantar condutas saudáveis de alimentação em um ambiente contaminado por estratégias abundantes de comercialização de alimentos processados, que produzem um desequilíbrio no consumo de calorias diárias.
A obesidade se produz como consequência do desequilíbrio entre a redução da atividade física e o aumento do consumo calórico. Mas apesar de informar a população, publicar guias generalizados de nutrição, promover certas dietas e trazer informações nas etiquetas dos alimentos, observa-se o crescimento da epidemia em nível mundial.
Há diversos fatores que favorecem um aumento no consumo de alimentos na sociedade atual. A forma que se comercializa os alimentos, as porções, a disponibilidade, os comerciais e anúncios nos meios de comunicação, tudo em conjunto exerce uma influencia ambiental a qual o indivíduo não consegue escapar. Por isso, mesmo quando se comprometem a seguir uma dieta específica, muitas vezes os pacientes falam em seu esforço para manter a dieta, e ao terminarem o tratamento, recuperam o peso perdido. Cohen e Farley identificaram que na maioria dos casos o indivíduo não é realmente consciente da quantidade de calorias que consome.
De acordo com os estudos analisados pelos pesquisadores, as pessoas servidas de porções maiores, simplesmente consomem mais alimento. Os indivíduos servidos com uma embalagem com 175g de batatas fritas comeram três vezes mais do que aqueles que receberam uma embalagem com apenas 25g. Além disso, identificou-se que ao comer com as mãos as pessoas comem mais, mesmo se a pessoa sabe que o alimento está ruim, conforme foi registrado em um experimento num cinema onde as pessoas receberam pipoca de sabor desagradável, mas em maior quantidade.
Deve-se considerar que a epidemia mundial poderia ser causada por um pequeno desequilíbrio de calorias, e bastaria um excesso diários de apenas 100 a 150 calorias, pois de acordo com os pesquisadores, “um pequeno desequilíbrio calórico mantido por um tempo pode produzir obesidade”. Wansink e sua equipe de pesquisas realizaram uma avaliação sobre o consumo de guloseimas em um escritório e descobriram que as pessoas estavam mais propensas a consumir doces quando os tinham próximos de si do que nos casos em que as pessoas que teriam as guloseimas a dois metros de seu posto de trabalho. Também foi identificado que os frascos transparentes convidavam ao consumo, conseguindo um excesso de 75 calorias em comparação com as pessoas que não viam os doces.
Além disso, os pesquisadores demonstraram que existem fatores psicológicos que influenciam no consumo da comida, um aumento de 28% quando uma pessoa está acompanhada de outra, aumentando progressivamente até 71% quando o npumero de companheiros de mesa são seis ou mais.
Outro fator que tem grande relevância ao avaliar o consumo de alimentos é que as pessoas, na realidade, não são conscientes da quantidade de alimentos que consomem. O ato de comer é, de acordo com os pesquisadores, um ato inconsciente e reforçam que “a tarefa evolutiva central dos seres humanos tem sido consumir energia para viver, não é de surpreender que estamos programados para comer sempre que a comida esteja ao nosso alcance”. Por outro lado, o alto controle frente a imagem dos alimentos tende a ser limitado, e finalmente as pessoas tentem a comer porque evitar o alimento requer um esforço que muitos não podem sustentar por muito tempo.
Ao ter em conta estas conclusões, torna-se claro que as estratégias de educação alimentar para a população geram resultados muito pobres por causa da abundante disponibilidade de alimentos e bebidas processadas.
Os especialistas sugerem reduzir o tamanho das porções, regular o acesso aos alimentos, restringir a proliferação de “comidas rápidas” em lugares como escolas e empresas, e estabelecer normas a serem aplicadas na publicidade de alimentos
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Fonte: http://www.intramed.net/contenidover.asp?contenidoID=50916