Cratera na Sibéria pode ter sido causada por gás metano e aquecimento global

Um buraco de 30 metros de largura e com profundidade desconhecida foi descoberto em Yamal, Rússia, no mês passado. Os cientistas continuam realizando pesquisas para determinar a causa desse fenômeno natural, mas já foram identificados alguns indícios: ao realizar uma análise do ar no fundo da cratera foram encontradas concentrações de metano (CH4) a aproximadamente 9,6%, quando a concentração normal no ar é de 0,000179%. Cientistas russos indicaram que a cratera tem apenas alguns anos de existência.

Metano: o grande perigo

O metano é um gás cujo efeito estufa é mais potente do que o efeito do CO2. De acordo com o portal da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, o metano pode aquecer o planeta 21 vezes mais do que o CO2. O cientista César Tomé indica que a liberação de metano na atmosfera pode aumentar nos próximos anos, “com consequências potencialmente desastrosas”.

De acordo com a informação apresentada pelo Washington Post, o metano se mantém sob a superfície na Sibéria por ação de uma placa de permafrost (solo congelado permanentemente). O aquecimento incomum em 2012 e 2013, ou o aquecimento de longo prazo que ocorre na região, pode ter ocasionado no derretimento da placa de permafrost, permitindo que se liberasse uma enorme bolha de metano na atmosfera.

Anna Kurchatova, especialista do Centro de Pesquisa Científica do Sub-Ártico, explica que o gás se combinou com gelo misturado à areia, sob a superfície, há 10 mil anos, quando a região era um mar. Agora, com o aquecimento global, ocorreu uma fusão da superfície gelada, liberando o gás e causando um efeito similar ao que ocorre quando o gás expulsa a rolha de uma garrafa de champanhe.

Agora os cientistas russos estão preocupados, porque o fenômeno pode ocorrer em regiões povoadas. Andrei Plekhanov, do Centro Científico de Estudos do Ártico, em Salekhard, Rússia, afirmou que se um fenômeno similar ocorrer no campo de gás de Bovanenkovskoye, a apenas 30 quilômetros da cratera, pode ocorrer um acidente.

Outra das preocupações dos cientistas é que se desconhece a quantidade de metano que está presa sob o permafrost. É possível que, no avanço do processo de aquecimento global, seja liberado mais metano à atmosfera, aumentando em grande escala a quantidade de gases do efeito estufa acumulados no globo.

Fontes:

http://epa.gov/climatechange/ghgemissions/gases/ch4.html

http://www.washingtonpost.com/blogs/capital-weather-gang/wp/2014/08/01/massive-hole-at-end-of-the-earth-likely-caused-by-methane-gas-release/

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=2kMs05VaOfE
Foto: Captura de imagem no Youtube